A falta de funcionários levou a Escola Primária da Ponte, no Porto, a encerrar as portas durante esta terça-feira, deixando sem aulas 160 crianças, entre os cinco e os nove anos. Quando por volta das oito da manhã chegaram ao local, pais e crianças bateram com o nariz no portão da escola.
De acordo com a coordenadora, Maria José, este estabelecimento de ensino conta apenas com duas funcionárias, sendo que uma se encontra de baixa, após ter partido um braço e a outra, que há alguns dias assegurava sozinha a vigilância dos menores, ficou doente e por isso impedida de trabalhar.
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Além disso, prossegue a coordenadora em declarações ao PortugalDiário, «o funcionário da Junta de Freguesia (Lordelo do Ouro), que assegura as funções de porteiro da escola, também não apareceu» pelo que o estabelecimento de ensino teve mesmo de encerrar.
«Não decidimos fechar a escola, simplesmente as circunstâncias forçaram esse encerramento», explica Maria José, acrescentando que o estabelecimento de ensino está a funcionar em condições muito deficientes.
A escola tem actualmente duas funcionárias, depois de este ano lectivo uma terceira auxiliar de educação ter saído para a reforma. Por outro lado, acrescenta a mesma responsável, «no início do segundo período (após o Natal) a Câmara Municipal retirou-nos as duas funcionárias da cantina, requisitando-as para outros serviços fora da escola», e por esse motivo o trabalho de acompanhamento às cerca de 100 crianças que todos os dias ali almoçam ficou «seriamente comprometido».
O «remendo» encontrado passou por deslocar para a cantina da escola uma funcionária da Junta de Freguesia por um período máximo de três horas.
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«As refeições são servidas por uma empresa privada, mas depois é preciso assegurar a vigilância das crianças, uma tarefa extremamente complicada, tendo em conta o número de menores e a própria configuração da cantina que conta com três salas a que é preciso dar apoio».
Ouvida pelo PortugalDiário, a representante da Associação de Pais, Cláudia Fernandes Costa, mostrou-se «integralmente solidária com as professoras da escola» criticando a ausência de respostas para os problemas que o estabelecimento enfrenta.
Os apelos à contenção nas despesas justificaram, segundo a coordenadora da Escola da Ponte, o não preenchimento da vaga deixada pela funcionária que se reformou.
Contactado pelo PortugalDiário, o director regional adjunto da Educação do Norte (DREN), António Leite, assegurou que a escola vai reabrir esta quarta-feira, depois de um funcionário de outro estabelecimento de ensino do mesmo agrupamento ter sido deslocado para a escola da Ponte até que a funcionária doente regresse ao trabalho.
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A solução parece simples, mas para Luís Nascimento, do conselho executivo do agrupamento, a situação acarreta sérios problemas.
«A escola abre esta quarta-feira porque uma funcionária vem trabalhar com o braço partido e a escola EB 2/3 vai privar-se de um auxiliar de educação quando actualmente já tem outros três com baixa médica».
O mesmo responsável lembra que outra escola do agrupamento (São Martinho de Aldoar) está a funcionar «sem um único funcionário». O estabelecimento só não encerrou as portas porque tem apenas 14 alunos e os professores vão tentando dar conta do recado. Em relação ao problema da cantina da Escola da Ponte, o mesmo responsável lembra que a decisão da câmara se fundou na proibição legal de funcionários autárquicos prestarem serviço fora das câmaras municipais.
António Leite, da DREN, ainda «não tem condições para responder» quando é que a escola da Ponte, bem como as restantes, terão reforço de funcionários. Por seu lado, o membro do conselho executivo acrescenta que a proposta da DREN passava pela contratação de um tarefeiro. Mas como a proposta não era acompanhada de verba para o efeito... «desistimos da ideia porque ficava muito caro».
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