Já fez LIKE no TVI Notícias?

Pobres, cada vez mais pobres

Relacionados

O poder de compra dos portugueses caiu, com o país a afastar-se da média europeia

O poder de compra dos portugueses está cada vez mais distante da média da União Europeia. Caiu um ponto percentual no ano passado, mas acabou por perder terreno também relativamente a países que há bem pouco tempo estavam muito atrás neste indicador, que nem sequer estavam na União.

Os últimos dados do Eurostat são reveladores, a indicarem que Produto Interno Bruto (PIB) português por habitante - que era de apenas 76 por cento em relação ao de um europeu médio - recebeu no ano passado uma nota negativa, com a seta vermelha a apontar para os 75 por cento, no final da lista de países onde circula o euro.

PUB

As fronteiras do mapa da moeda única não conseguiram, contudo, conter a evolução negativa. E entre os países que entraram na UE, em 2004, há já quatro (República Checa, Malta, Chipre e Eslovénia) que têm de olhar sobre o ombro para encontrar Portugal no ranking. Parece distante o tempo em que a referência era a Grécia, a Espanha e a Irlanda - os dois primeiros países dentro média da UE, e o último a uma margem telescópica de 146 por cento -, apesar de não ter sido assim há tanto tempo.

É certo que a produtividade dos portugueses fica aquém da maior parte dos seus congéneres europeus e que sem a inversão deste dado será difícil pensar num crescimento maior dos ordenados. Mas por outro lado, é fácil pensar que trabalhar compensa pouco em Portugal, onde o salário mínimo foi fixado em 426 euros, para 2008, com um aumento de 23 euros.

PUB

É quase irónico que o primeiro-ministro tenha dito aos milhões de portugueses que vão usufruir deste acréscimo que esta é a «maior actualização do salário mínimo da última década», quando não chega sequer para pagar a mensalidade média de uma ligação de banda larga do choque tecnológico.

Há milhões de portugueses que não são idóneos, por falta de meios, para entrarem no círculo virtuoso da formação contínua e suportarem a elasticidade da flexigurança nórdica. E há milhões de portugueses que nem com formação contínua, de anos sentados nas cadeiras das universidades, conseguem vislumbrar a oportunidade de trabalharem em troca de um salário acima da linha de flutuação, que lhes permita, pelo menos, saírem da casa dos pais antes dos trinta anos.

Num país em que as grande fortunas registaram aumentos astronómicos - algumas duplicaram -, a «geração quinhentos euros» não é só a de um conjunto de jovens com formação superior que acabaram de entrar no marcado de trabalho, mas também de um conjunto significativo de pessoas que trabalharam por menos desse valor durante toda a sua vida laboral.

Longe dos queixosos «mileuristas» espanhóis, franceses e italianos, e sem outros motivos para celebrar, resta a muitos a tranquilidade de já não terem de sair do país a salto, se quiserem imigrar. Pobres, cada vez mais pobres. A porta aberta das oportunidades fica para muitos portugueses cada vez mais longe das suas casa, cada vez mais longe do seu país.

PUB

Relacionados

Últimas