Já fez LIKE no TVI Notícias?

Ex-bancário que «perdeu» 3,6 milhões de euros condenado a pena suspensa

Homem desviou dinheiro para investir em títulos de alto risco, mas perdeu tudo. Congregação religiosa foi a principal lesada

O Tribunal de Leiria condenou esta sexta-feira a quatro anos e meio de prisão, com pena suspensa por igual período, um ex-bancário que se apropriou de 3,6 milhões de euros de clientes para investir em títulos de alto risco, noticia a Lusa.

O ex-funcionário do Banco Português de Negócios (BPN), de 43 anos, e que era gestor de cliente na agência da Loureira, freguesia de Santa Catarina da Serra, Leiria, foi condenado por três crimes de abuso de confiança, dois dos quais na forma continuada, um crime de burla qualificada e um crime de falsificação de documento a nove anos e três meses de prisão. O cúmulo jurídico determinou a aplicação da pena única de quatro anos e seis meses.

PUB

O colectivo de juízes considerou provado que Leonel Gordo depositou em contas de que era titular o dinheiro de três clientes daquela agência do BPN, que depois investiu em títulos de elevado risco, sobretudo o «Warrant», dos quais não houve retorno, acabando por perder o dinheiro.

O primeiro cliente foi lesado em 35 mil euros e o segundo em 91 mil euros, verbas que o BPN restituiu e que agora o arguido foi condenado a restituir ao banco.

Congregação religiosa lesada em 3,5 milhões

A terceira vítima dos investimentos de alto risco foi a congregação religiosa Missionários da Consolata, com casa em Fátima. Esta entidade, que entretanto avançou com uma acção cível contra o BPN, foi lesada em 3,5 milhões de euros, confirmaram os magistrados judiciais.

Na leitura do acórdão, a juíza que presidiu ao julgamento, Patrícia Costa, afirmou que os clientes «não tinham autorizado estas operações» de alto risco.

«A sua conduta na altura, como posterior, não é compatível com um cenário em que os clientes tivessem conhecimento total e integral do que se passava nas suas contas, porque se tivessem, não correriam o risco de perder dinheiro», disse Patrícia Costa.

PUB

«Um vício»

A magistrada judicial admitiu que Leonel Gordo «agiu com intenção de recuperar quantias que já tinha perdido em operações similares», situação que comparou às pessoas que jogam em casinos e, mesmo perdendo sistematicamente, continuam a apostar: «É um vício. Não deixa de ser um jogo», resumiu.

«Foi uma situação de espiral, bola de neve, de fugir para a frente, de dar passos maiores que a perna», referiu Patrícia Costa, considerando, por diversas vezes no decurso da leitura do acórdão, que este processo era um «caso especial».

«Mostrou-se arrependido»

«Uma pessoa que abusa do património dos outros é muito grave», adiantou, considerando que o facto de não ter usado o dinheiro para enriquecimento pessoal «mitiga a culpa» do arguido.

Por outro lado, o tribunal colectivo teve em conta a postura do arguido no decurso das fases de investigação e julgamento: «Confessou os factos, colaborou com a justiça e mostrou-se arrependido».

Patrícia Costa advertiu, contudo, Leonel Gordo para não ver a pena «como uma passagem da mão pelo pêlo».

«O senhor está no limite. Uma escorregadela mínima pode determinar a cadeia», alertou a magistrada, referindo ao arguido que a suspensão da pena está sujeita ao regime de prova, da responsabilidade da Direcção-geral de Reinserção Social.

HB

PUB

Últimas