Já fez LIKE no TVI Notícias?

Noite Branca: testemunha diz que foi ameaçada de morte para mentir em tribunal

Segurança diz que se não obedecesse iria «para a lista para ser apagado»

David Kamonda, segurança da discoteca El Sonero, cujo colega, Nuno «Gaiato» foi assassinado em Julho de 2007, afirmou esta tarde no Tribunal de São João Novo, no Porto, que foi ameaçado para mentir em tribunal. «Kapa», como é conhecido, estava a trabalhar na noite do homicídio e garante ter visto Hugo Rocha, um dos arguidos, armado. «Telefonaram-me a dizer: "Não digas que era o Hugo que tinha a arma. Diz que era o Berto, senão vais para a lista para ser apagado"», contou a testemunha, que não revelou quem terá sido o autor da ameaça.

A testemunha contou ao tribunal que estava à porta da discoteca quando os arguidos chegaram, acompanhados por «Berto Maluco» (que foi assassinado em Dezembro desse ano). «Eles vinham todos juntos, mas depois o Berto acelerou o passo e o Hugo veio atrás dele. Depois o Berto disse que vinha falar com o Nuno Gaiato e passou», explicou o segurança, que, apercebendo-se «pela forma como eles vinham», que «ia haver confusão», ainda tentou travar Hugo Rocha. Terá sido então que o arguido «levantou a camisola e mostrou a arma que tinha presa nas costas». «Então, eu deixei-o passar», adiantou, tendo depois descrito a arma que viu: «Era uma arma de guerra. Parecia uma makarov. Era preta com o punho castanho». Sobre os outros três elementos do grupo, «Kapa» afirmou não ter visto se iam armados.

PUB

«Kamonda» contou ainda que, Nuno «Gaiato», que quando os arguidos chegaram estava no hall de entrada da discoteca, fugiu para o interior quando se apercebeu da presença deles. Pensando que Nuno teria saído pela porta de emergência [que fica ao lado das escadas que a vítima desceu para se refugiar na cozinha, onde ficou encurralado por não ter mais nenhuma saída] que dá para as traseiras da discoteca, deu a volta ao edifício. «Depois, ouvi muitos tiros, parecia guerra, e voltei para a entrada principal», tendo visto «os quatro a sair de lá de dentro a correr», explicou.

«Não quis arranjar problemas ao Nuno»

Como lhe contaram que o Nuno tinha sido baleado e estava na cozinha, Kamonda dirigiu-se lá e viu então a vítima no chão com a arma ainda ao lado. «Não quis arranjar-lhe problemas e por isso, junto com o Hélder, peguei na arma e deitei-a a um contentor», disse, explicando que se tratava de «um revólver» cujo calibre seria 38.

«O Nuno ficou assustado»

PUB

Também Luís Correia, outro segurança presente no El Sonero nessa noite, afirmou embora com menos convicção do que o colega, que Hugo Rocha estava armado e que chegou a ver a arma, que disse ser «escura».

Luís Correia, que trabalhava «há duas ou três semanas» na discoteca, conta que Nuno «Gaiato» também estava armado «com um revólver prateado», que mantinha no bolso e que, nessa noite, vestia um colete à prova de bala.

«O Nuno viu-os chegar e ficou assustado», disse a testemunha, adiantando que a vítima foi para o interior da discoteca, logo seguido de Berto Maluco e de Hugo Rocha. A testemunha adiantou que «Timóteo» ficou na porta que separa a discoteca do hall de entrada e Vasco na porta principal, ambos «com a mão atrás das costas», o que fez os presentes pensar que estariam armados.

Alguns minutos depois, Luís Correia, que não ouviu tiros «por causa da música», viu «o Berto e o Hugo chegarem a correr ter com os outros e a dizerem: "Já está, já está"».

Luís diz que foi ele quem encontrou «Gaiato» deitado no chão da cozinha que, ao contrário do que dizem os arguidos, «tinha a luz acessa». «Ainda respirava e tinha pulsação», explicou, tendo-se emocionado ao ver as fotos do cadáver na cena do crime que o tribunal lhe mostrou.

Luís Vaz Teixeira, advogado dos arguidos, tentou esclarecer várias inconsistências entre os testemunhos que os dois seguranças deram esta segunda-feira e os que fizeram durante o inquérito.

Ainda durante a sessão, a irmã de Nuno «Gaiato» foi retirada do tribunal e impedida de assistir ao final da sessão por ter saído constantemente para conferenciar com as testemunhas que estavam no exterior.

PUB

Últimas