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Doenças respiratórias elevadas nos alunos de Lisboa

Estudo procurou avaliar os sintomas da população escolar face ao ar que respiravam dentro das salas de aula

Um estudo de investigadores da Universidade de Aveiro que abrangeu 14 escolas primárias de Lisboa revela «um aumento preocupante» de doenças respiratórias nos alunos.

A comparação é feita com os resultados de trabalhos anteriores, face à informação colhida no ano lectivo de 2008/2009, para um projecto de investigação que procurou avaliar os sintomas da população escolar face ao ar que respiravam dentro das salas de aula e caracterizar, com base num inquérito internacional padronizado, as condições na habitação dos alunos, noticia a agência Lusa.

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Outro aspecto tido em conta pelos investigadores do Laboratório Associado CESAM, no estudo epidemiológico, foi o «histórico» de cada criança relativo a factores de risco associados às doenças respiratórias, nomeadamente hábitos de amamentação, na higiene, alimentação, contacto com animais domésticos e condições da habitação.

Segundo a investigadora Célia Anjos Alves, «não há apenas um factor que possa ser apontado para justificar o aumento registado, mas um deles é a permanência das crianças durante várias horas em salas em más condições e sem arejamento.

«Constatámos na altura que muitas escolas se encontravam em estado de degradação, com rachadelas, mofo, fungos e elevados teores de humidade e em algumas salas de aula até pingava, o que poderá ser um dos fatores responsáveis pelo aumento verificado da renite alérgica», disse à agência Lusa.

O estudo, publicado na Revista Portuguesa de Pneumologia, identificou também, nalgumas escolas, compostos orgânicos voláteis em concentrações elevadas, nomeadamente o formaldeído.

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Numa delas havia níveis cinco a 10 vezes superior a outras escolas, o que foi atribuído à pintura e mudança de mobiliário recentes, no âmbito da manutenção que essa escola havia sofrido.

Um aspecto que deixou os investigadores preocupados foi a falta de consciência de alunos, professores e coordenadores para a importância da renovação do ar na sala de aula.

Célia Alves observa que, em geral, as salas de aula têm um volume limitado e uma elevada taxa de ocupação, com turmas de cerca de 30 alunos que permanecem horas consecutivas no mesmo espaço.

«Os níveis de dióxido de carbono vão aumentando progressivamente e excedem os limites estipulados pela legislação para a qualidade do ar em edifícios. Mesmo em dias de sol, em que poderia haver ventilação natural com a abertura de janelas, verificámos que não havia essa preocupação», relata.

Sonolência e dores de cabeça, com a consequente perda de

rendimento escolar, são efeitos da concentração de CO2 nas salas de aula, mas Célia Anjos diz que «há um défice de informação conveniente» por parte dos professores e da coordenação das escolas.

«Medidas simples e sem grandes investimentos poderiam representar uma grande melhoria da qualidade do ar e da saúde respiratória da população infantil», comenta a investigadora, para quem falta em Portugal um guia de boas práticas para a qualidade do ar, com algum acompanhamento de pessoas especializadas, uma vez que investimentos em circulação forçada não são viáveis na actual conjuntura económica.

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