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Coadoção? «Medidas fraturantes estão a ir depressa demais»

Manuel Clemente considera que deputados não estavam «suficientemente informados» quando aprovaram a medida na generalidade

O novo patriarca da Lisboa, Manuel Clemente, disse que algo «pode e deve» mudar na questão «fraturante» da coadoção durante o debate na especialidade, estimando que os deputados não estavam «suficientemente informados» quando a aprovaram na generalidade.

Em declarações a jornalistas portugueses, em Bruxelas, à margem de um encontro de líderes religiosos com os presidentes das instituições comunitárias, o patriarca disse ter «as maiores dúvidas» que, em «em relação a essa medida, que ainda não está definitiva, e em relação a outras chamadas fraturantes, as decisões políticas tenham sido suficientemente informadas por um esclarecimento dos próprios deputados».

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«Quando eles faltam tanto em votações importantes, dá ideia que não se deram bem conta do que estava em causa», disse.

Quando questionado sobre se achava que se os deputados aprovaram, há duas semanas, o projeto de coadoção sem estarem suficientemente informados, comentou que «foi o que realçaram depois até comentários dos que estiveram presentes e de alguns que não estiveram», tendo ficado a «ideia de que ficaram mais ou menos surpreendidos por alguma coisa que não os devia surpreender».

«Nós, em Portugal, temos tomado várias medidas nesses campos ditos fraturantes que vão depressa demais (...) em relação a coisas que dizem respeito à vida das pessoas no que elas têm de mais essencial», disse, assinalando que há uma ideia errada de que, no país, estão «todos assim muito consonantes em que é dispensável a conjugação masculino-feminino quer no que diz respeito ao casamento, quer no que diz respeito à adoção».

«Eu não vejo que haja consenso em relação a este ponto, e este não é um ponto acessório», sublinhou, insistindo que é, por isso, importante «aprofundar as temáticas» na sociedade antes de serem tomadas as decisões políticas.

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Questionado sobre se espera que algo ainda mude durante o debate na especialidade, o patriarca respondeu que «pode e deve» mudar, considerando que já há um debate intenso em curso.

«Muitas pessoas pronunciam-se. Nós estamos atentos a coisas que aparecem nos órgãos de comunicação social, pessoas que tomam posição, quer do âmbito político, quer do âmbito social, quer do âmbito cultural, quer do âmbito médico e clínico. Têm sido várias as intervenções», disse, reiterando que «esses debates devem ser antes» da adoção de medidas a nível político.

O parlamento aprovou a 17 de maio (com 99 votos a favor, 94 contra e nove abstenções), na generalidade, um projeto de lei do PS para que os homossexuais possam coadotar os filhos adotivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto.

Manuel Clemente também disse que vê «com gosto» o discurso político europeu e nacional a começar a ir para além da austeridade.

«Vejo com gosto que o discurso, quer das entidades políticas nacionais, quer mesmo estas a nível europeu, vai acentuando que não é só com austeridade que se resolve a crise porque nós, para resolvermos o problema, também precisamos de apoio», afirmou.

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«Se não tivermos apoio, ninguém resolve problema nenhum, nem o próprio nem o alheio», adiantou.

O bispo lembrou ainda que a Igreja portuguesa não tem estado silenciosa sobre a crise, nem por palavras, nem por atos.

«Há o falar com obras. Creio que todas as instituições de solidariedade ligadas à Igreja portuguesas têm estado na primeira linha para resolver não só problemas concretos mas também alguma coisa de estrutural, quando se possa», referiu.

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