Já fez LIKE no TVI Notícias?

Educação é área problemática na proteção das crianças com deficiência

Estudo encomendado pelo Parlamento Europeu revela que Portugal tem feito progressos na proteção dos direitos destas crianças, mas faltam os recursos adequados para a operacionalização das medidas legislativas

Portugal tem feito progressos na proteção dos direitos das crianças com deficiência, mas a implementação da legislação mantém-se problemática, principalmente na área da educação onde continuam a faltar os recursos adequados, revela um estudo encomendado pelo Parlamento Europeu.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do estudo adiantou que os resultados mostram que tem havido progressos na proteção dos direitos das crianças com deficiência, mas faltam os recursos adequados para a operacionalização das medidas legislativas.

PUB

De acordo com Paula Campos Pinto, do Observatório da Deficiência e dos Direitos Humanos (ODDH), a educação tem sido a área mais problemática e agora que arranca mais um ano letivo, aponta que “é urgente que os recursos e os apoios cheguem atempadamente, cheguem no início do ano”.

Paula Pinto ressalvou que isso não tem acontecido e lembra que no ano passado “registaram-se enormes atrasos”, com “algumas famílias que foram convidadas a reter os seus filhos em casa até que estivessem reunidas as condições nas escolas para as poder receber”.

Contactada pela agência Lusa, a presidente da associação Pais-em-Rede, uma organização que promove a inclusão das pessoas com deficiência, adiantou que o novo ano letivo está a arrancar com normalidade e sem sobressaltos.

Segundo Luísa Beltrão, os pedidos de ajuda que têm chegado à associação têm que ver não com a atribuição de apoios, mas antes com problemas com as vagas quando as crianças têm que mudar de ciclo ou vão para a escola pela primeira vez.

PUB

Também o presidente da Associação Nacional de Docentes de Educação Especial concorda que o arranque do novo ano escolar está a decorrer com normalidade em matéria de Necessidades Educativas Especiais (NEE).

David Rodrigues ressalvou, no entanto, que o número de alunos com NEE tem vindo a aumentar e nunca foi tão elevado como agora, com 78.763 crianças, enquanto o número de professores, pelo contrário, não tem seguido essa tendência e estabilizou nos 5.760 docentes.

De acordo com a investigadora Paula Pinto, as falhas na educação começam logo ao nível dos programas de intervenção precoce, aos quais faltam meios técnicos e humanos, e prolongam-se ao longo de todo o percurso escolar.

O estudo revela mesmo que a legislação existente “é frequentemente inadequada ou está incompleta” e critica a forma como foi feita a inclusão das crianças com deficiência nas escolas regulares, apontando que as restrições orçamentais e os problemas na articulação entre estruturas são a causa para o atraso na atribuição dos recursos.

PUB

Critica também algumas disposições legais que impuseram uma “rígida definição das matérias escolares que devem ser ensinadas ou o número de horas dedicado a cada disciplina”.

“Como consequência, estes alunos foram deixados sem um alternativa viável para a continuação dos estudos”, lê-se no documento.

O estudo aponta igualmente que apesar de as escolas não se poderem recusar a receber uma criança com NEE, essas situações continuam a ocorrer com os alunos a serem encaminhados para escolas que não foram a primeira escolha da família, mas que supostamente apresentam melhores condições.

Paula Pinto ressalvou que as crianças com deficiência acabam por ficar em desvantagem em relação aos restantes alunos e que essa desvantagem tem depois não só impacto no seu progresso ao longo da formação escolar, mas também, posteriormente, no acesso ao mercado de trabalho.

O estudo mostra ainda que há falta de dados estatísticos, um “problema transversal a toda a área da deficiência”, lacunas ao nível das acessibilidades dos edifícios, transportes, mas também da informação.

Refere que há falta de serviços assistenciais, houve cortes em áreas estruturais, como a educação, saúde ou proteção social, e que persistem os estereótipos e as atitudes negativas para com estas pessoas, muitas vezes por parte da própria família.

PUB

Últimas