Já fez LIKE no TVI Notícias?

Uma colecção com 1700 presépios. Fotos

Major reformado tem juntado obras há mais de 30 anos

Na casa de Fernando Canha da Silva, em Évora, os presépios estão omnipresentes. Pelas divisões, distribuem-se as 1.700 representações do nascimento de Cristo, oriundas dos quatro cantos do mundo e que colecciona há 30 anos.

«Tenho muito próximo dos 1.700 presépios», atira Canha da Silva, de 67 anos, major general do Exército já reformado, que comprou o primeiro dos seus objectos de colecção em 1973, a um artesão de Estremoz.

PUB

Dois anos antes, o militar foi morar para Évora e, aí, aproveitou a tradição de artesanato da região, rica em trabalhos de barro, para a aliar ao seu próprio gosto pelos presépios.

«Sou católico, a minha mulher é católica e, na nossa infância, ajudávamos a fazer o presépio na igreja e em casa. Por outro lado, também gosto do trabalho dos artesãos, simples, mas que, de facto, nos dá grandes lições», explica.

Aos poucos, os presépios foram «povoando» as estantes de casa, compradas ou mandadas fazer à medida, até que, em 1999, na altura já com 180 trabalhos, o casal arrisca a sua primeira exposição, em Évora, o que lhes deu motivação para encarar uma colecção a sério.

«A exposição teve bastante sucesso e constatámos que as pessoas se interessavam por este tema. Agradeceram-nos por mostrarmos [as peças] e incentivaram-nos a continuar a mostrar e a coleccionar», destaca.

Colecciona e expõe

O coleccionador conta hoje com várias exposições já realizadas, em vários locais do país, e um espólio que não pára de crescer, aproveitando sempre que pode para adquirir nova peça.

PUB

«Compro, vou a feiras de artesanato, visito os artesãos. Depois, procuro toda a informação que aparece em revistas e jornais e faço contactos directos, conta, explicando que também os amigos contribuem: Ou sinalizam e informam-me ou peço para me trazerem, sobretudo mais do estrangeiro».

Apesar de muitos deles serem trabalhos nacionais, do continente e ilhas, a lista de países de onde os presépios são provenientes é infindável.

«Tenho alguma dificuldade em saber quantos países estão representados», reconhece, garantindo ter muitas peças de artesanato português, africano e europeu, assim como da América do Sul e Central, da Ásia e da Oceânia.

Um presépio especial

Os materiais em que são feitos também são «inesgotáveis», salienta, apontando para presépios de vários tipos de barro, porcelana, madeira, marfim, em vidro e cristal, papel, prata, ferro, cobre, chumbo, estanho, folha de zinco, sementes, ovo de avestruz e até miolo de figueira.

«Este presépio há muito tempo que o andava a namorar», diz, segurando na mão o trabalho feito em miolo de ramos de figueira, da autoria de uma artesã da ilha do Faial (Açores).

PUB

Um dos seus presépios favoritos, que julga só ser feito em Portugal e que elogia pela qualidade e minúcia: «É de um rigor e de uma precisão espectaculares. É caro, mas é uma peça boa em qualquer parte do mundo».

Obras valem milhares de euros

Da colecção, fazem parte trabalhos mais baratos e outros mais caros, mas, pelo trabalho artesanal que envolvem, com horas de dedicação, nenhum deles é uma «pechincha», segundo o major general reformado.

«Há trabalhos de barro, e há pessoas que os compram, que vão aos 1.500 ou 2.500 euros. Depois, há outros mais baratos», refere o coleccionador, que não resiste a uma nova peça em que fique «fisgado».

«A gente nunca tem os presépios todos. Não só os materiais são, de facto, inesgotáveis, como também a criatividade dos artesãos é inesgotável», argumenta, frisando que, a cada nova aquisição, fica «satisfeito por ter mais uma peça bonita ou invulgar» e, sobretudo, por ficar com um novo trabalho «para mostrar às pessoas».

PUB

Últimas