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Ainda há crianças a serem exploradas

19 anos após a Convenção sobre os Direitos da Criança, situação geral melhorou, mas ainda há muitos relatos de prostituição e trabalho infantil. Em Portugal, a crise não ajuda

Prostituição, tráfico de droga, tráfico humano e várias formas de trabalho infantil ainda afectam um número incalculável de crianças em todo o mundo. Para assinalar os 19 anos da Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, a Confederação Nacional de Acção sobre Trabalho Infantil (CNASTI) organizou, esta quinta-feira, um encontro de reflexão em Braga.

«Reflectimos sobre as piores formas de exploração de crianças e sobre a evolução da Convenção, que é uma das mais ratificadas de sempre. Verificámos que estes fenómenos melhoraram em alguns países [ao diminuírem] e que África continua estagnada neste sentido, com tendência até a piorar», avançou Fátima Pinto, vice-presidente da comissão executiva da CNASTI, ao PortugalDiário.

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Denuncie os casos que conhece

Em Portugal, «há uma maior sensibilidade da sociedade em relação ao problema, mas não é suficiente», garantiu, sublinhando a agravante da crise financeira, já que «as famílias mais pobres entendem que podem recorrer aos filhos para ter mais dinheiro».

No entanto, não há números exactos de quantas crianças são exploradas no país: «É uma realidade impossível de quantificar. Acredito que nem temos conhecimento da maioria dos casos, porque eles não são denunciados».

Daí que a CNASTI disponha de uma Linha Verde de denúncia ( 800 202 076). «Basta ligarem e denunciarem a situação, nem precisam de se identificar. Nós encaminharemos a informação para a solução, passe ela pela Comissão de Protecção de Menores, pela Inspecção do Trabalho, ou outra», explicou a responsável.

«Como é que é possível?»

O combate contra a exploração infantil passa por «aceitar que a criança tem o mesmo valor de um adulto», segundo Fátima Pinto: «A criança não é um objecto que podemos tratar como nos apetece. Tem de acabar esse sentimento de impunidade, porque nós não somos donos das crianças».

Mais difícil é explicar a razão para a existência destes fenómenos. «Uma vez vi uma reportagem sobre trabalho infantil em que a criança só perguntava à mãe porquê? e é mesmo isso: Porquê? A única explicação que encontro é o instinto de sobrevivência, às vezes os pais decidem sacrificar um filho para salvar outros», afirmou.

No entanto, Fátima Pinto confessou que ainda se questiona quando sabe que há pais que envolvem os filhos no mundo da prostituição, da droga ou mesmo de um «trabalho normal». «Como é que é possível?» foi a pergunta que ficou no ar.

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