Margarida e Amadeu preparam-se para pernoitar em pleno Santuário de Fátima, junto à Capelinha das Aparições, encostados a uma das grades que delimita o caminho por onde há-de passar, esta sexta-feira, o Papa Francisco. Encasacados, embrulhados em mantas e plásticos para afastar o vento, a chuva e o frio, não perdem a boa disposição.
Perante a pergunta se estão a fazer tamanho sacrifício por devoção a Nossa Senhora, Amadeu, 64 anos, não hesita: “Eu?! Não! Estou aqui por devoção à MINHA senhora!”. E aponta para Margarida.
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Eu não sou devoto. Nunca fui muito devoto. A minha mulher é”, esclarece, um pouco mais sério.
Eu sou. Venho ver se espevito mais a minha fé. Sou muito devota de Maria e gosto muito do Papa. Gostava muito que ele passasse aqui ao pé de mim”, acrescenta Margarida, 65 anos.
Margarida e Amadeu vieram de Tavira. Chegaram a Fátima na quarta-feira e dormiram a primeira noite no carro. Não sabem se vão aguentar a madrugada fria que se avizinha e admitem acabar a noite também no carro que os trouxe do Algarve.
Sozinha, de Viana do Castelo até FátimaMargarida e Amadeu despertam a curiosidade de jornalistas e de outros peregrinos. Metem conversa com toda a gente e todos se metem com eles. Não demoraram a fazer amizades.
Susana, de 37 anos, chegou já a madrugada de quarta para quinta-feira ia a meio. Veio sozinha de Viana do Castelo até Fátima. “Venho sempre a Fátima. E, quando soube que o Papa vinha, disse logo que tinha de vir também”, conta.
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A catequista assegura que vem a Fátima “com enorme devoção”. “Venho sempre a Fátima sem promessas. Primeiro sacrifico-me, depois, se precisar, peço”, explica.
Também sozinha veio Albertina. Veio de autocarro, da Costa da Caparica. “Venho pedir pelo meu país, por melhor Educação, saneamento e condições de vida”, diz a angolana de 37 anos, há 12 a viver em Portugal.
Deixou as filhas de sete e 11 anos com a “madrinha portuguesa”. Admite as saudades que já apertam, apesar de estar no santuário há menos de 10 horas. Prepara-se para a primeira pernoita no Santuário, mas parece que conhece os vizinhos do lado da vida inteira.
“Se já fazíamos isto pela Nossa Senhora, também o fazemos pelo Papa”Uns metros ao lado, também coladas às grades, estão Ana (29 anos), Anabela (56) e Paula (53). Estão a cumprir uma tradição de anos. “Já é costume ficarmos aqui. Amanhã, ainda por cima, vem cá o Papa”, adianta Ana.
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Vieram juntas de Odivelas, na quarta-feira. É a segunda noite que passam no Santuário, apesar da chuva e do frio que se tem feito sentir. “A noite passada já cá ficámos. Não podemos dizer que dormimos… fomos ficando por aqui. Se ficamos aqui para ver Nossa Senhora, porque não havíamos de aqui ficar para ver o Papa Francisco?”, questiona Anabela.
Também elas não tardaram em fazer novos amigos. A prova disso mesmo é a amena cavaqueira com Maria do Céu, que veio da Suíça, de propósito para a peregrinação do Centenário.
A nenhum dos entrevistados, os preços dos quartos influenciaram a decisão de dormir no Santuário. “Disseram-nos aqui que hoje já se arranjam quartos por 100 euros. Não é tão caro como tinham pintado. Mas preferimos aqui ficar.”
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