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Incêndio: moradores ponderam processar câmara por incúria

Porque «nada fez» para evitar a degradação do prédio e o incêndio.

Moradores do prédio ao lado do que ardeu esta madrugada na Avenida de Liberdade admitem processar os proprietários do edifício devoluto onde começou o incêndio e a câmara de Lisboa por nada terem feito para o evitar, noticia a agência Lusa.

António Ramalho, morador no quinto andar direito do nº21 da Avenida da Liberdade, disse à agência Lusa que durante a noite e a manhã de hoje falou já com vários inquilinos do seu prédio e que pelo menos três concordaram em avançar para tribunal.

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Apesar de não ter ainda contactado a totalidade dos vizinhos, acredita que será possível uma acção conjunta de todos contra a empresa proprietária e a autarquia de Lisboa.

«Vamos accionar a empresa proprietária do edifício porque foi no prédio deles e por incúria que isto aconteceu. Desde hoje o meu advogado vai começar a tratar das coisas não só relativamente à empresa, mas também à câmara municipal de Lisboa, já que é seu dever proteger os cidadãos e o património da cidade e mais uma vez não o fez. Alguém há-de ser responsabilizado», disse António Ramalho.

O morador, que se encontra alojado num hotel de Lisboa, desconhece ainda até que ponto a sua casa foi afectada, mas acredita que estará totalmente destruída pelo fogo e pela água.

Acrescentou que apenas ao final da tarde, quando acabarem as operações de rescaldo, será possível ter informação mais detalhada sobre as condições de segurança da estrutura do prédio.

«Incêndio intencional»

António Ramalho aguarda agora uma resposta das autoridades relativamente à recuperação do edifício, uma vez que «nada fizeram» para evitar o incêndio. «Às quatro da tarde de domingo o meu vizinho foi à esquadra da Praça da Alegria dizer que as portas estavam abertas e os moradores tinham receio de que as casas fossem assaltadas, mas não aconteceu», disse.

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O morador está convencido que o incêndio foi intencional e teve como objectivo resolver a morosidade da câmara municipal. «Foi intencional. Há duas formas de resolver os problemas da morosidade e da burocracia em Lisboa: os prédios devolutos ou caem ou são incendiados. Assim resolve-se a morosidade da câmara municipal. Isto é recorrente. Não é a primeira vez, nem há-de ser a última», acusou.

Considerou que o mais fácil e politicamente correcto quando há um incêndio, é dizer que foram os toxicodependentes. «A especulação imobiliária em Lisboa é assim. No prédio do lado aconteceu o mesmo há alguns anos. A fachada tinha que ser protegida, esteve ali anos a fio sem ninguém lhe ligar nenhuma até que um dia caiu», afirmou.

Projecto estava em apreciação na câmara

O prédio que ardeu esta madrugada na Avenida da Liberdade tem dois processos de emparcelamento e edificação na Câmara e o caso estava em apreciação desde 2007 pelo departamento de Urbanismo, disse o vereador Manuel Salgado.

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Em declarações à Lusa, o vereador responsável pelo Urbanismo na Câmara de Lisboa adiantou que só a partir de Outubro de 2007, altura em que passou a ser permitido construir edifícios só de habitação na Avenida da Liberdade, é que foram levantadas todas as restrições que recaíam sobre aquele edifício.

O edifício que domingo ardeu completamente na zona dos Restauradores estava devoluto e pertencia a uma sociedade imobiliária espanhola.

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