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Banco Alimentar: alimentação de 420 mil em causa

Isabel Jonet diz que todos os produtos alimentares entregues às famílias carenciadas provêm destes programas, por isso, não podem acabar

A presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBA) avisou esta terça-feira que o fim do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC), não havendo substituto, vai pôr em causa a alimentação de 420 mil portugueses/ano.

A presidente da FPBA, em declarações aos jornalistas, no final da audição na Comissão de Agricultura e Mar, salientou que, em Portugal, todos os produtos alimentares que são entregues às populações carenciadas provêm do PCAAC, para além dos produtos distribuídos pelos Bancos Alimentares.

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«Este programa representa 20 por cento dos alimentos que são distribuídos pelo Banco Alimentar. Se este programa deixar de existir, as instituições que recebem estes produtos directamente da Segurança Social deixam de receber alimentos», alertou Isabel Jonet, citada pela Lusa.

Segundo a responsável, com base em dados da Segurança Social, há 420 mil portugueses que são apoiados anualmente por este programa e que ficariam sem alimentação.

Na opinião da presidente da FPBA, a partir de 2014, altura em que termina o PCAAC, tem de ser encontrado um novo programa que não deixe «desamparadas as pessoas que não têm outra forma de se alimentar».

«Não é sob pena de haver um aumento do número de pobres, é sob pena de as pessoas que precisam não terem auxílios alimentares», sublinhou.

Questionada sobre de que forma poderia ser feito o financiamento do PCAAC ou de um outro programa similar, já que é essa questão que levou a que alguns Estados-membros exigissem o seu fim, Isabel Jonet defendeu a necessidade de encontrar um programa que seja alternativo e não assente nos stocks de intervenção da Política Agrícola Comum (PAC).

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«Mas onde a ajuda seja feita em géneros e não tanto em vales ou em tickets, porque estes produtos são entregues a famílias desestruturadas e que não se sabem gerir e precisam do apoio das instituições de solidariedade social para assegurar a sua sobrevivência», alertou.

Aos deputados da Comissão, Isabel Jonet disse concordar que os pobres não nascem de geração espontânea, mas apontou que há uma pobreza de estruturas e que é com esta que o país não tem sabido lidar, sob pena de ela vir a afectar a sociedade e a sua estabilidade.

Perguntou aos deputados se têm a noção de que em Portugal há um milhão de pessoas que vive com 200 euros por mês e defendeu que é por causa destas pessoas que é urgente um novo programa de apoio a carenciados.

Confrontada sobre a necessidade de um programa de apoio alimentar específico para a primeira infância, Isabel Jonet disse entender ser oportuno a criação desse programa, mas lembrou que o apoio à primeira infância tem de ir mais longe e deve passar também pelo apoio na educação.

Isabel Jonet, ainda sobre esta matéria, mostrou-se contra a abertura das cantinas escolares durante o período das férias do Natal, defendendo que o pior que se pode fazer é criar medidas que separem os pobres dos ricos e colocar rótulos em crianças e que, da experiência que tem sobre esta matéria, as cantinas vão estar vazias.

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