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«Só durmo 15 minutos de cada vez»

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Passar um mês sozinho no mar pode parecer impossível, mas para o jovem velejador Francisco Lobato é apenas mais um desafio. Em Setembro, o ainda estudante vai atravessar o Atlântico. Um feito que o vai impedir de comunicar com o mundo e até de dormir

Imagine que passa um mês inteiro sem dormir uma noite de sono descansada. Imagine que de 15 em 15 minutos é obrigado a acordar. É assim que os velejadores sobrevivem em alto mar, e é assim que Francisco Lobato, o primeiro português classificado para a Transat 6.50, a mítica regata que liga França ao Brasil, espera, não só chegar ao fim da prova, como vencê-la.

«Só posso dormir 15 minutos de cada vez. Estou sempre a acordar. Tenho de me levantar e ver se está tudo bem. Podemos ir contra um navio ou as velas podem ter algum problema. É muito perigoso adormecer. Mas claro que já me aconteceu», contou ao PortugalDiário o jovem de 22 anos, estudante do 3º ano de engenharia naval, no Instituto Superior Técnico.

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Em conversa confessa que é «o mais difícil da prova», mas que encara como «mais um desafio» como tantos outros que terá de superar. A regata Transat 6.50 é uma travessia solitária que liga La Rochelle, na França, a São Salvador da Bahia, no Brasil, num percurso de 4200 milhas. Pelo caminho, os 72 concorrentes fazem escala no Funchal.

«Ao fim de mais ou menos uma semana chegamos ao Funchal onde podemos ganhar forças e efectuar reparações no barco. Depois partimos e podemos demorar 20, 25 ou 30 dias para chegar, depende da meteorologia. Espero chegar em primeiro lugar. Sei que vai ser difícil, mas é o meu objectivo», afirmou com confiança.

«Alma de campeão»

Marcelo Rebelo de Sousa é o padrinho desta aventura. O professor associou-se ao velejador português pelas qualidades de Francisco e pelo significado da iniciativa. «É corajoso, e embarca numa aventura, mas com ponderação. Tem alma de campeão», afirmou.

O professor e comentador político baptizou a embarcação com a tradicional quebra da garrafa de champanhe e partiu num passeio pelo Tejo. À chegada declarou: «Foi espectacular. O professor é muito bom. Do melhor que há. Muito sereno».

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O ex-líder do PSD salientou ainda o «grande significado nacional» da participação portuguesa na prova. «Só prova que os portugueses quando querem são do melhor que há a nível mundial».

A navegar pelos astros

A competição, que tem na sua história casos fatais de marinheiros que sucumbiram ao poder do mar, tem regras rígidas. Não são permitidos quaisquer contactos com o mundo exterior durante toda a prova. A navegação é feita apenas com recurso aos astros, com ajuda do sextante, instrumento marítimo.

O peso da embarcação é também muito controlado. O interior leva apenas uma bilha de gás que permite aquecer a comida dissolvida, um balde para servir de WC, equipamentos de segurança e as velas para servirem de colchão. A água potável deve ser racionada e nunca desperdiçada na higiene.

As peripécias em alto mar são muitas. «Na última prova tive que subir ao mastro com o mar bravo. Foi difícil, sempre a levar com as velas e com as ondas. Se cair não há ninguém para me salvar. Quando cheguei cá a baixo não tinha forças», conta, lembrando que o «mar é muito perigoso. Só com muito respeito se consegue».

A partir de 16 de Setembro Francisco responde ao chamamento, que já levou outros portugueses a descobrir mares nunca antes navegados, e vai viver assim: sozinho no mar.

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