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Anónimos, familiares, amigos, membros da sociedade política, cultural e civil juntaram-se esta sexta-feira no Porto para a última homenagem e ovação a Manoel de Oliveira, cineasta que morreu quinta-feira aos 106 anos e deixou mais de meia centena de filmes.
O realizador - que acreditava que a longevidade era «um capricho e o cinema uma paixão» - trabalhou até ao fim da sua vida e hoje a cidade do Porto uniu-se para um último adeus, tendo-o aplaudido em diversos momentos.
A urna do realizador português foi depositada no jazigo de família, no cemitério de Agramonte, no Porto, cerca das 16:20.
Durante a cerimónia foram ouvidos aplausos e depositadas rosas brancas junto da urna de madeira castanha do cineasta
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Aos jornalistas o primeiro-ministro disse que os «portugueses sentem um aperto muito grande»com a partida do cineasta, que teve, «felizmente, uma vida longa, cheia e muito tempo com a sua família para nos legar uma obra extraordinária».
«Tenho a certeza que todos os portugueses sentem hoje um aperto muito grande por saber que ele partiu. Era praticamente alguém da nossa família e que fazia parte da nossa cultura mas sentem também um orgulho muito grande por ter tido entre os seus maiores uma personalidade com as suas características que foi apreciada em todo o mundo em vida e tenho a certeza que continuará a ser depois deste dia», disse.
John Malkovich disse que «o cinema não morreu com Manoel de Oliveira», que considerou, no entanto, um realizador único.
«O cinema não morreu com Manoel de Oliveira, mas Manoel de Oliveira era único e o cinema não será o mesmo sem ele», afirmou John Malkovitch no final do funeral do cineasta.
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Aos jornalistas, o ator Luís Miguel Cintra, que participou em vários filmes de Manoel de Oliveira, lembrou que a primeira coisa que o realizador fazia quando iniciava a rodagem de um filme era «criar uma família».
«Nunca teve grandes conversas muito elaboradas, nem intelectuais sobre nada do que estava a fazer, isso faz parte do segredo do que se estava a fazer em comum. Esperava que houvesse uma corrente subterrânea de entendimento entre as pessoas, que se estabelecia através de coisas muito simples, como comer à mesma mesa, falar da saúde das pessoas, perguntar como estava o pai, como estava a mãe, (…), com todos os membros da equipa».
«Era simples e, sobretudo, muito direto. Nem tudo são rosas, não é?», questionou o ator, recordando uma ocasião em que Manoel de Oliveira lhe chamou a atenção por não ter dado o seu melhor no filme que tinham acabado de rodar.
Já o realizador de cinema João Botelho disse que aprendeu com Manoel de Oliveira que «o cinema é muito mais importante do que os filmes».
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lembrou «uma frase lapidar» de Manoel de Oliveira«Ensinou-me que o cinema é um ponto de vista, é um modo de filmar, não é o que se passa, nem quando se passa, não é a história».
«Prostitui-te para arranjar dinheiro para o filme, prostitui-te quando ficar pronto para o mostrar, nunca quando filmas».
Sobre a personalidade de Manoel de Oliveira, Botelho disse que era «uma pessoa maravilhosa e extremamente didática, que via as primeiras obras de toda a gente».
«Estava sempre interessado no cinema. Nunca me falou de filmes, falou sempre de cinema».
«Vim transmitir uma mensagem de profunda consternação pessoal que António Costa me solicitou que transmitisse à família e a consciência da perda física deste vulto que vai com certeza continuar a acompanhar-nos».
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