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O Movimento dos Utentes da Saúde defendeu esta terça-feira a necessidade de “mais investimento” no setor, de forma a inverter a tendência para a falta de enfermeiros, camas e medicamentos e os problemas com a distribuição dos médicos.
Em declarações à agência Lusa, o presidente do movimento, Manuel Villas Boas, considerou urgente parar o subfinanciamento do sistema de saúde.
Para este responsável, é necessário “investir mais na saúde”, por um lado, e “tratar com dignidade os profissionais que trabalham diariamente” no setor, por outro, para que possam prestar “o melhor serviço possível aos utentes”.
Um relatório divulgado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), que analisou a saúde dos portugueses após a intervenção da 'troika', refere que em Portugal faltam enfermeiros, os médicos estão mal distribuídos, as taxas moderadoras são elevadas e é cada vez mais difícil o acesso a camas hospitalares e a medicamentos.
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Para Manuel Villas Boas, o relatório vem confirmar aquilo que o Movimento dos Utentes da Saúde tem procurado tornar público no que diz respeito aos problemas existentes no setor, nomeadamente as taxas moderadoras e a dificuldade cada vez maior no acesso à prestação de cuidados médicos.
“Se o ministro vem dizer que não são cortes cegos eliminar camas de hospitais e agora, apressadamente, tenta repor essas camas, se o fecho indiscriminado de centros de saúde não tem a ver com cortes cegos, contraria aquilo que o ministro disse há dias”, sustentou, em declarações à agência Lusa.
Administradores Hospitalares querem "política de recursos humanos"“A má distribuição dos profissionais causa grandes problemas a nível nacional, de norte a sul do país, para além da emigração de médicos e de enfermeiros”, frisou.
Em declarações à agência Lusa, a presidente da Associação Portuguesa do Administradores Hospitalares (APAH), Marta Temido, disse que concorda totalmente com as recomendações e com o diagnóstico do relatório Primavera 2015, apresentado hoje em Lisboa.
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“Há um amplo consenso sobre o diagnóstico de necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, sustentou, apontando a urgência da sua modernização para que possa responder aos problemas.
“Não separamos a saúde do social e, por outro lado, temos um problema de força trabalho em saúde de recursos humanos com um número de enfermeiros que é francamente insuficiente para aquilo que são as necessidades”, defendeu.
“Vamos esperar para ver se as medidas tímidas que foram recentemente apresentadas (incentivos aos médicos que queiram ir para zonas carenciadas) produzirão algum efeito”, declarou.
“Os hospitais têm de perder protagonismo a favor dos cuidados de saúde primários e reservar a sua atuação para situações diferenciadas e não para acorrer a tudo desde a dor mais comezinha até situações sociais que acabam nos hospitais devido à falência de cuidados continuados”, salientou.
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Baseando-se nos dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), o Observatório indica que houve uma diminuição de médicos de 1,4% de 2012 para 2013, ao mesmo tempo que se verificou um incremento de 13,02% no número de médicos em internato.
Sobre o acesso aos serviços de urgência, os peritos do OPSS revelam que, “a par com uma redução da procura, verificada ao longo dos últimos anos, que coincide temporalmente com a alteração das taxas moderadoras, existem fenómenos sazonais, associados às previsíveis vagas de calor e picos de gripe, com aparente excesso de procura e/ou incapacidade de resposta dos serviços”.
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