Enquanto o presidente do Brasil, Lula da Silva, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e o primeiro-ministro português, José Sócrates, tiravam fotografias à entrada da Sala Tejo, do Pavilhão Atlântico, a escassas centenas de metros, um grupo de imigrantes brasileiros exigia a atenção dos líderes europeus e sul-americano para as dificuldades que têm em legalizar-se.
«Um, dois, três ou quatro ou cinco mil. Queremos documentos pá galera do Brasiu». Um megafone dispara repetidamente a reivindicação, numa inconfundível pronúncia portuguesa transatlântica, perto da saída do centro comercial Vasco da Gama, que desemboca no Parque das Nações.
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Um agente da PSP disse ao PortugalDiário que seriam cerca de 40 a 50 pessoas presentes. A secretária da assembleia-geral da Casa do Brasil, em Lisboa, Heliana Bibas, subiu esta cifra para um intervalo entre as 80 a 100 pessoas. A verdade dos números oscilará entre as duas contagens.
Marceliz Luís, 55 anos, está há 20 em Portugal. «Gosto daqui». Não disse se essa era a razão pela qual já não vai ao seu país há 13 anos, mas explicou: «Estou aqui para dar uma força ao pessoal que não tem documentos. Como eu tenho».
Ao lado de Marceliz - que enverga com orgulho uma camisola do Sporting (o preferido é Liedson, «claro») - está Bruno. «Sou brasileiro e moro em São Paulo, mas tou dando uma força prós amigos aqui. Quero frisar que no Brasil não tem portugueses ilegais, nenhum!».
«Quando Portugal precisou os brasileiros receberam os portugueses lá, hoje são os brasileiros que necessitam de ajuda», termina.
Um deles não está muito longe dali. Chama-se Rogério Rizotto, tem 36 anos, e há quase três que procura regularizar a sua situação em Portugal. «Sou ilegal». Conta que vai tem de voltar ao seu país de três em três meses para renovar o visto de turista. «Tenho uma empresa de construção civil aqui», explica, enquanto segura com fimeza uma tarja com a reivindicação do que considera serem os seus direitos.
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Heliana Bibas diz que é importante sublinhar que esta não é apenas uma mensagem para o Governo português. «Na Europa há milhares de estrangeiros que colaboram para o aumento do seu PIB e para a resolver o problema demográfico com que o continente se debate», defendeu, referindo que em Portugal a comunidade brasileira ronda as «120 mil pessoas» - embora frise que esta é apenas uma estimativa.
Porém, destes, apenas «70 mil estão legalizados». Este, é para a representante da Casa do Brasil um problema que merece uma resposta concreta, por uma razão: «Nós não somos um problema. Nós somos uma solução».
Apesar de estarem apenas a umas escassas centenas de metros de distância, Lula, Sócrates e Durão estavam demasiado longe para ouví-los.
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