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Casa Pia: Estado vai ter de indemnizar Paulo Pedroso

Ex-deputado socialista vai receber pelo menos 100 mil euros

O ex-dirigente socialista Paulo Pedroso ganhou a acção interposta contra o Estado por prisão ilegal no processo Casa Pia, anunciou o seu advogado, Celso Cruzeiro, à Lusa.

Paulo Pedroso confia mais na Justiça

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Advogado das vítimas espera recurso

Na sentença, de que Celso Cruzeiro e Paulo Pedroso tiveram esta terça-feira conhecimento, o juiz considera que a detenção do ex-dirigente socialista foi um «erro grosseiro».

«A fundamentação do acórdão de condenação do Estado é baseada no preceito que indica que o Estado através do seu agente, o juiz, cometeu um erro grosseiro, uma negligência grave na decisão que aplicou a prisão preventiva a Paulo Pedroso», adiantou Celso Cruzeiro.

Manuel Alegre satisfeito com a decisão

O advogado salientou que, embora tarde, esta decisão envolve o «reconhecimento explícito e inequívoco de que foi cometido um erro grave».

Na sentença, de mais de 100 páginas, o juiz atribuiu uma indemnização de cerca de 100 mil euros, «bastante aquém» dos 600 mil euros pedidos na acção contra o Estado.

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«Não posso dizer com rigor a quantia pois abrange verbas de natureza diferente. Nos danos patrimoniais, antigos danos morais, a verba é de 100 mil euros porque é uma verba fixa que não depende de operações de aritmética», contou.

Celso Cruzeiro frisou que «esta decisão quer dizer que o agente jurisdicional do Estado que naquele momento avaliou o contexto e aplicou a prisão preventiva [Rui Teixeira] não actuou apenas com negligência mas com grave negligência e com grosseira violação do dever de cuidar».

Advogado ainda poderá recorrer

Questionado sobre se vai recorrer da decisão, Celso Cruzeiro referiu que vai agora estudar com maior rigor a sentença e depois tomará uma decisão.

Na altura do início do julgamento, a 7 de Janeiro, Paulo Pedroso atribuíra a «um imperativo ético» a decisão de colocar uma acção cível contra o Estado português por prisão ilegal no processo Casa Pia.

Na altura, o ex-deputado socialista e ministro do Trabalho e da Segurança Social de António Guterres sublinhara que o seu «sofrimento é irreparável», mas que «a justiça deve ser responsabilizada pelos erros que cometeu».

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Este é o primeiro processo contra o Estado português relacionado com o processo Casa Pia e pode influenciar eventuais decisões de pessoas ilibadas ou que venham a ser absolvidas naquele processo.

História dos acontecimentos

Paulo Pedroso ficou em prisão preventiva depois de ter sido ouvido pelo juiz de instrução Rui Teixeira, no dia 21 de Maio de 2003, no âmbito do processo Casa Pia, acusado de crimes de abuso sexual de menores por quatro jovens.

Nesse dia, o juiz Rui Teixeira tinha ido à Assembleia da República pedir o levantamento da imunidade parlamentar do então deputado socialista e para notificá-lo para prestar declarações.

Paulo Pedroso foi libertado quatro meses e meio depois, a 8 de Outubro, por decisão do Tribunal da Relação, e foi recebido de forma apoteótica pelo PS no Parlamento.

Nesse mesmo ano, em Dezembro, o MP acusou formalmente o ex-deputado socialista de 23 crimes de abuso sexual, mas em Maio de 2004, a juíza de instrução criminal então com o processo decidiu não levar Paulo Pedroso a julgamento.

Ano e meio depois, em Novembro de 2005, e depois de um recurso do Ministério Público, o Tribunal da Relação viria a confirmar a decisão da juíza.

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