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Descobriu a net aos 96 anos

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As histórias de seniornautas que aderem às conversas pelo messenger

Entre risinhos e sussurros malandros para o colega do lado, vão teclando no messenger e dizem nomes, idades e de onde vêm, numa tentativa de fazer novos amigos. Parecem «miúdos», mas não são. Têm uma média de idades de 70 anos, participam no projecto «TIO - Terceira Idade Online» e são a prova de que nunca se é velho demais para aprender.

Joaquim vai fazer 97 anos no próximo domingo. Em tempos foi agricultor. Hoje, deixou a esposa, de 94 anos, «que anda sempre agarrada» ao seu braço, em Gouveia, e veio com alguns «colegas» até Lisboa, para participar num encontro de «seniornautas» na Fil.

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Mesmo atrapalhando-se um pouco com as teclas, porque das outras vezes que experimentou conversar na Internet no centro de dia foi com headphones e webcam, garante que «está a gostar». Até porque teve a possibilidade de conhecer «ao vivo» amigos com quem só se comunicou pela net.

Já a Maria de Jesus, «muito feliz por ter 73 anos», não se atrapalha com as teclas e garante: «Assim é melhor! Podemos brincar com os outros porque eles não sabem com quem estão a falar».

No centro de dia da Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, já tinha experimentado «falar pelo computador». E garante que «gosta muito» e até já pediu «à neta para a deixar usar o computador dela».

«Nunca é tarde para aprender»

Menos à-vontade com o teclado tem a colega do centro de dia, Fernanda, de 67 anos. Trabalhou toda a vida no campo e, apesar de saber ler, porque fez «a 4ª classe, já adulta, para tirar a carta de condução», nunca teve grande facilidade em escrever. «O meu pai não me deixou aprender a escrever porque tinha medo que escrevesse cartas a namorados», conta.

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Apesar das dificuldades em lidar com o rato e com o teclado, diz: «Adorei falar com outras pessoas. Aprender coisas que não sabia e ver coisas que nunca tinha visto. Nunca é tarde para aprender».

«Um homem não respondeu quando lhe disse a minha idade!»

O casal Maria Augusta, de 83 anos, e Manuel, de 82, enfrentam juntos a aventura da Internet e conversam com outros «seniornautas» no messenger. A padeira e costureira reformada, entre risos e sem se incomodar com o olhar do marido, diz, com voz marota: «Um homem não me respondeu porque lhe disse a minha idade».

«É muito bom falar com os outros e aprendem-se coisas novas», diz Manuel, também padeiro reformado, fingindo não ouvir a brincadeira da esposa.

«O fundamental é poderem experimentar»

Foram já 400 os «seniornautas» que participaram em conversas via messenger. Muitas instituições e centros de dia pelo país fora já aderiram ao projecto TIO, cujo site «tem entre 300 mil e 400 mil visitas mensais», diz ao PortugalDiário Teresa Pinto, responsável pelo projecto da Associação Vida.

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«É fundamental dar-lhes a oportunidade de experimentarem. Não são obrigados a gostar mas aqueles que gostam voltam e com entusiasmo», explica. Já foram dois os dias em que a associação promoveu conversas a nível nacional entre os «seniornautas»: o «Dia dos Avós» e o «Dia Mais», que foi uma repetição muito solicitada.

Mas agora que o contacto foi estabelecido entre idosos, «muitos já conversam diariamente nos centros de dia ou instituições que frequentam».

Porque «a igualdade de oportunidades é essencial», a Associação Vida, mesmo sem subsídios ou apoios estatais, contando apenas com a colaboração de voluntários, esforça-se por dar novas possibilidades aos mais idosos, para que estes possam contradizer ditado que reza que «burro velho não aprende línguas».

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