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MP investiga caso falha grave em ecografia de criança

Menina nasceu com várias malformações não detectadas

O Ministério Público está a investigar o caso de uma criança que nasceu com múltiplas malformações físicas e mentais, inclusivamente sem queixo e com as pernas ao contrário, alegadamente sem o obstetra ter detectado as deficiências nas ecografias.

A menina nasceu em Janeiro deste ano, no Hospital Amadora-Sintra. A mãe, Laura, foi seguida durante a gestação no Centro de Saúde da Amadora, mas as ecografias foram realizadas na clínica Rui Machado - Centro de Imagiologia da Amadora, com o qual a instituição pública tem um protocolo.

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«As ecografias eram muito rápidas e eram feitas em minutos», contou Laura à agência Lusa, acrescentando que nunca lhe disseram para fazer a ecografia morfológica, recomendada por volta das 22 semanas para estudar detalhadamente a estrutura fetal.

Os exames foram feitos na clínica privada pelo médico Artur Carvalho e depois vistas pelo médico de medicina familiar do centro de saúde.

Na altura, Laura sentiu-se pouco e mal acompanhada, pelo que tomou a iniciativa de ir ao Hospital Amadora-Sintra, às 38 semanas de gestação.

Ao analisar uma ecografia, um médico disse-lhe que «algo não estava bem» e marcou uma cesariana de urgência, já que a criança estava sentada e isso impossibilitava o parto normal.

«Quando o pai viu a filha na incubadora foi horrível, teve um choque enorme. Ela nasceu com as pernas ao contrário» e os joelhos dobravam para a frente, «além de não ter queixo», contou a mãe.

«Ele não sabia como havia de me dizer, porque também estava em choque», relembrou emocionada Laura.

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Perante a gravidade das malformações, os médicos perguntaram aos pais se tinham feito todas as ecografias correctamente e se nada tinha sido detectado.

Na altura do nascimento, contou Laura, os problemas nas pernas e no queixo eram os únicos perceptíveis, mas desde então apareceram outras deficiências.

A bebé Luana, hoje com dez meses, não tem céu-da-boca, sofre de uma hérnia no estômago - consequência de uma operação para ser alimentada por sonda - apresenta a coluna deformada, raramente se mexe ou reage a estímulos, não fala e passa a maioria do tempo internada no hospital.

«Ela não tem ainda diagnóstico porque os médicos não sabem o que é que ela tem. Dizem que é raro e não dão diagnóstico porque a vão estudando conforme ela vai crescendo», explicou a mãe.

Laura tem a certeza de que não é caso único e contou que conheceu outras duas mães cujos bebés nasceram com múltiplas deficiências e que também foram seguidas na Clínica Rui Machado.

Os pais da Luana têm a ajuda de uma advogada da Segurança Social ¿ por terem baixos rendimentos - e já apresentaram queixa na PSP da Amadora, que a encaminhou para o Ministério Público.

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Junto do Ministério Público, a Lusa soube que foi aberto inquérito e solicitados elementos clínicos, nomeadamente ao Centro de Saúde da Amadora.

Contactado pela Lusa, o médico disse ter conhecimento do caso, mas desconhecer as anomalias da criança.

Para os pais, no entanto, esta é uma situação que poderia ter sido evitada. Querem que o médico que realizou as ecografias seja responsabilizado e obrigado a ajudar a criança, «para que no futuro não lhe falte nada».

O médico que está a ser investigado desconhece as anomalias em questão, mas diz tratar-se de uma situação que, «infelizmente», às vezes acontece.

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