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Conforlimpa: já há peditório para ajudar funcionárias sem ordenado

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Muitas das empregadas de limpeza são viúvas ou mães sozinhas com filhos menores. Quando lhes falta o ordenado, falta tudo a uma família

Com o receio do desemprego no horizonte, o presente também não é muito risonho para os trabalhadores da empresa de limpezas Conforlimpa que têm os salários em atraso.

Aos 64 anos e à beira da idade da reforma, Maria Fernanda Mendes, trabalhadora da Conforlimpa no centro de saúde de Marvila, em Lisboa, não pensava ver-se sem ordenado há dois meses. «Tenho o de janeiro e o de fevereiro em atraso».

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Na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, a direção mostra a total solidariedade para com as trabalhadoras. Num e-mail interno a que o tvi24.pt teve acesso, é pedido o apoio aos «funcionários» e «estudantes» daquela casa.

«Como é sabido, as funcionárias da empresa que faz os serviços de limpeza na Faculdade estão na situação dramática de salários em atraso há dois meses. Apesar, como é óbvio, de a Faculdade ter os seus compromissos com a empresa devidamente satisfeitos. Como é também claro, a Faculdade não tem modo institucional de agir de outra maneira, restando o recurso à solidariedade», pode ler-se. O contributo pode ser feito através de «donativos» deixados numa «urna».

O diretor da faculdade, José Reis, explica ao tvi24.pt que não podem ficar indiferentes a situação que está a ser vivida por «pessoas que conhecem há muitos anos e por quem têm carinho» e esta é, assim, só uma maneira de tentar «minorar os problemas».

Por isso, também, compreende o exercício de um «direito legítimo» à greve, que já paralisou os serviços no passado e que pode repetir-se a 25 deste mês, data para a qual está agendada um dia de luta nacional na Conforlimpa, com paralisação de 24 horas.

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Os trabalhadores da Conforlimpa, que na segunda-feira comunicou ter pedido a insolvência vivem com «medo». Numa palavra, é assim que Nazaré Mendes, do sindicato que representa os trabalhadores do setor sintetiza aquilo que sente cada vez que atende o telefone e é mais uma empregada com «medo de perder o trabalho». Muitas são viúvas ou mães sozinhas com filhos menores.

Maria Fernanda já nem se importava com isso. «Mandei uma carta à firma e estou à espera da resposta». Prefere ir para o fundo de desemprego, a ver se assim ganha algum. «Sou viúva, vivo só do meu ordenado e tenho dois filhos desempregados» em casa, de 19 e 22 anos. A empregada de limpeza já não sabe que contas fazer à vida. «Não paguei a renda» no mês passado «e este mês também não posso pagar». Tem-lhe valido o filho mais velho. «A minha nora é que fez umas compritas», uma ajuda curta, que também eles têm quatro crianças a cargo. De uma lista de compras que não pode comprar a uma lista de despesas que não sabe como pagar, inclusive «os transportes» para ir para o trabalho.

Isabel Alcobia, há 27 anos a trabalhar na Assembleia da República, mas só há cinco por conta da Conforlimpa, conta que tem colegas que «não têm dinheiro para o passe». Ela, com o ordenado de fevereiro «em atraso», ainda vai conseguindo aguentar-se, mas não por muito tempo. «Sou sozinha, tenho uma criança. Não há mais rendimentos e pago uma renda de 200 euros».

«Desde Dezembro que [o ordenado] vem atrasado. O ordenado de janeiro pagaram a 1 de fevereiro», refere Isabel Alcobia. Já Maria Fernanda Mendes, com dois meses em falta, recebeu da empresa a informação de que «para a semana e para a outra ainda não há dinheiro». Na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, «procurar-se-á que na próxima sexta-feira se apure o montante recolhido, de modo a fazer uma primeira entrega».

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