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Crianças obesas são cada vez mais, cada vez mais cedo

«Recebemos uma criança de 8 anos que além de obesa sofre ainda com hipertensão, insuficiência renal e é também pré-diabética», revela a APCOI

A alimentação desequilibrada leva a que cada vez mais crianças necessitem de ajuda e não falamos só de combate aos quilos a mais. «Infelizmente têm sido vários os casos de crianças cada vez mais novas que já têm mais do que um problema de saúde. Há cerca de dois meses recebemos uma criança de 8 anos que além de obesa sofre ainda com hipertensão, insuficiência renal e é também pré-diabética», revela a APCOI, a associação para combate à obesidade infantil, à tvi24.pt.

Comida das cantinas enche a barriga, mas não o olho

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A associação conta que «existe ainda falta de informação, e há até um certo tabu sobre estas questões por parte das famílias. Por exemplo, muitas famílias demonstram-se surpreendidas quando diagnosticamos pré-obesidade ou obesidade em algumas crianças nos nossos rastreios». Mas há mais: «As crianças obesas estão mais sujeitas a ataques de bullying escolar e outros tipos de discriminação, o que poderá provocar consequências diretas na sua autoestima e a quebra no rendimento escolar. Se não receberem apoio especializado poderão sofrer ainda de depressão ou outras doenças do foro psicológico quando atingirem a adolescência ou a idade adulta». Perante a urgência deste assunto, foi criado também o Centro de Prevenção da Obesidade Infantil da APCOI , que «abriu portas em setembro de 2012. Desde aí já atendeu 284 crianças».

A associação orgulha-se do trabalho alcançado em apenas três anos, mas não baixa os braços. «Já conseguimos envolver nos vários projetos em curso na APCOI mais de 70 mil crianças». E «recebemos cerca de 10 chamadas ou emails por dia a solicitar ajuda». Mas, «há ainda um longo caminho a percorrer. A obesidade não se tornou uma epidemia de saúde pública da noite para o dia. Por isso, será necessário algum tempo, uma boa dose de persistência e alguns apoios para conseguirmos controlar este problema. Costumamos dizer que foram precisos 20 anos até se falar de obesidade infantil e que agora não basta falar, é preciso agir».

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Mundo de contrastes: obesidade infantil e austeridade

Este é um mundo de contrastes. Num mundo e num país que se debate com a pandemia da obesidade infantil, das crianças que trocam a comida do refeitório por outra mais atrativa, com mais sal ou açúcar, cresce também a importância do papel das cantinas escolares na alimentação infantil em tempos de crise. Disso se apercebeu a investigação do ICS. «Verificamos que para algumas crianças (mais carenciadas), a refeição escolar representa a única refeição quente e equilibrada que fazem ao longo do dia», regista Monica Truninger.

A relação entre a alimentação e a austeridade é, por isso, «pertinente porque a alimentação fornecida nas escolas públicas é um serviço comparticipado pelo Estado. Além disso, a alimentação escolar tornou-se mais importante porque algumas famílias viram a sua capacidade de consumo reduzir-se significativamente com as medidas de austeridade. No nosso trabalho verificamos que houve um aumento dos pedidos de apoio da ação social escolar por parte das famílias, o que significa que estão a recorrer mais aos apoios do Estado. Desse ponto de vista, as refeições escolares podem representar um modo de acesso ao consumo que permite a algumas famílias enfrentar desigualdades sociais persistentes e emergentes no atual contexto», conclui a investigadora.

Com efeito, algumas cantinas que permanecem abertas durante todo o período letivo. Números do INE revelam que «em 2011, as despesas das famílias com a alimentação passaram a representar menos de 15% do total do orçamento».

A má nutrição está a causar problemas na aprendizagem de pelo menos um quarto das crianças em todo o mundo , segundo um estudo da «Save the Children», feito pela ONG que monitorizou mais de sete mil em idade escolar.

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