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Medicamentos em época de exames podem ser um problema

«O uso de medicamentos na época dos exames traz vários problemas aos alunos», alerta investigadora

O Observatório de Interações Planta - Medicamento (OIPM) advertiu, esta segunda-feira, que o «uso excessivo» de ansiolíticos e antidepressivos pelos alunos, em época de exames, pode «funcionar em contracorrente», porque a memória fica diminuída.

Os jovens são o alvo desta semana da campanha «Aprender Saúde entre as Plantas e os Medicamentos», do observatório da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC).

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«O uso de medicamentos na época dos exames traz vários problemas aos alunos», disse à Lusa a investigadora Ana Rute Nunes, adiantando que «muitas destas substâncias aumentam os níveis de neurotransmissores, mas o custo na atividade neuronal a curto e longo prazo pode ser muito elevado, dado que muitas [destas substâncias] são produzidas sem nenhum controlo e o impacto que causam no organismo muitas vezes é imprevisível».

Por outro lado, alertou, «o uso excessivo de ansiolíticos e de antidepressivos», em época de exames, «pode funcionar em contracorrente, dado que a memória é diminuída com o seu consumo».

Aconselhou ainda as pessoas a quem forem prescritas benzodiazepinas (ansiolíticos), como clonazepam, diazepam, flunitrazepam, ou antidepressivos (amitriptilina, citalopram, clomipramina, fluoxetina, nefazodona) a evitarem o consumo de álcool, de plantas ou extratos, como a erva de São João (hipericão), sumos de laranja, de toranja e gingko.

Já a coordenadora do observatório, Maria da Graça Campos, alertou os jovens para os riscos de misturarem álcool, drogas e outras substâncias psicoativas com medicamentos, afirmando que podem causar danos em saúde, «muitas vezes irreversíveis».

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«O consumo de álcool, drogas, incluindo as smartdrugs e outras substâncias psicoativas, como antidepressivos e ansiolíticos, continua a aumentar em Portugal», disse.

«Os malefícios do álcool são sobejamente conhecidos e um excelente exemplo para explicar que uma dose elevada única pode conduzir ao coma alcoólico e consequente morte, enquanto o consumo crónico pode induzir toxicidade hepática (cirrose)», adiantou.

Misturá-lo com medicamentos «pode causar várias falhas terapêuticas, desde a ineficácia de antibióticos ao efeito cumulativo de depressão do sistema nervoso», advertiu.

Relativamente às drogas ilegais, a docente lembrou que muitas destas substâncias são de origem natural, como a heroína (obtida da morfina que se retira da papoila dormideira), a cocaína (das folhas da coca), o LSD (de um fungo que se desenvolve no centeio), as anfetaminas (retiradas de várias plantas), cogumelos alucinogénicos e a canábis.

Segundo o observatório, os canabinoides naturais (da planta canábis sativa) e os sintéticos acentuam o efeito psicotrópico das benzodiazepinas, álcool e barbitúricos. Esta droga potencia a ação dos relaxantes musculares, broncodilatadores, antieméticos, fenotiazidas, medicamentos antiglaucoma, antiepiléticos, dissulfiram, varfarina, antidepressivos, como a fluoxetina, e de drogas como a cocaína ou os opiáceos.

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«Por favorecerem a imunossupressão estão contraindicados em doentes HIV-positivos», acrescentou.

Também a pílula contracetiva pode sofrer interações com medicamentos ou produtos de origem natural, como alguns antiepiléticos (carbamazepina), o hipericão e laxantes.

Outro tipo de interações relaciona-se com o aumento do risco de trombo embolismo venoso, que pode ser potenciado pelo uso crónico de substâncias como a soja e o ginseng.

O OIMP/FFUC tem uma linha de apoio à população (239488484).

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