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Cancro, uma doença crónica que nos acompanha

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Envelhecimento é um grande factor de risco, diz especialista mundial

O cancro é uma doença dos tecidos e dos órgãos e, à medida que estes vão mudando a sua forma e função, ou seja, vão envelhecendo, o cancro começa a aparecer. A investigadora mais importante na área do cancro da mama, a norte-americana Mina Bissel, diz mesmo que o cancro tem de ser entendido como «uma doença crónica que acompanha o envelhecimento».

Não nos livramos da maioria dos cancros. Temos de entendê-los como uma doença crónica. Só nalguns casos menos graves é que pode haver cura total», disse Mina Bissell, que já foi apontada como candidata ao nobel da Medicina.

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Esta investigadora da Universidade de Berkeley, que falava no Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), onde proferiu uma conferência sobre migração celular no cancro, ainda conseguiu brincar com o tema: «Se curarmos o envelhecimento, acho que podemos curar o cancro».

Cancro: tratamento revolucionário

Esperança para o cancro da mama

Mina Bissell explicou que «a partir dos 50 anos o risco de ter cancro sobe imenso». E exemplifica: «Se analisassemos células mamárias de uma mulher de 50 anos e da próstata de um homem de 50 anos veríamos, inevitavelmente, células alteradas».

Mas para além do envelhecimento há outros factores de risco no aparecimento do cancro. Mina Bissell fala do caso do cancro da mama, a área em que se tem destacado a nível mundial: factores ambientais, factores genéticos e grande exposição a radições (todas as crianças que «viveram» as bombas de Hiroshima e Nagasaki tiveram, em adultas, cancro da mama). Mas há mais: «ter bebés cedo protege do cancro da mama, ter bebés mais tarde é o contrário, é um factor de risco», garante. E fazer um aborto? «Não tem qualquer influência. É propaganda dos católicos e da presidência dos Estados Unidos».

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Mina Bissell considerou que a ciência «está a evoluir bem» no retardamento dos cancros da mama mais leves, permitindo já que as mulheres consigam viver mais 20 ou 30 anos após ser detectado o tumor. Mas o mesmo não acontece com o tipo de cancro da mama mais resistente, que, em Portugal, representa 15 por cento dos cancros da mama.

Aquela investigadora norte-americana reconhece que «ainda não percebemos a origem destes cancros. Conseguimos matar 80 por cento do cancro, mas 20 por cento não morre e começa a disseminar-se». O mesmo acontece com o cancro do pâncreas, onde ainda não houve avanços significativos.

Aprender com os melhores

Esta investigadora falava num encontro no Ipatimup, sobre o tema «Fronteitras na migração celular no cancro», que reuniu alguns dos maiores nomes da investigação desta área. Em declarações ao PortugalDiário, o director desta instituto, Manuel Sobrinho Simões, explicou que estes cientistas «tentam perceber como as células invadem os tecidos à volta, circulam no sangue e se reproduzem à distância».

Em termos de investigação a nível mundial, acrescentou, «estamos muito atrasados no controlo das metástases, mas muito avançados na sua compreensão». O que acontece, adiantou, «é que estamos a chegar muito tarde no tratamento da disseminação. Já todos conseguimos saber os passos, mas não como parar esses passos».

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