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Ferreira Torres irrita juíza

Magistrada mandou arguido calar-se. Autarca ofereceu «puxão de orelhas» a advogado na assistência

«O senhor procurador é tendencioso (. . .) fala alto, mas não me mete medo». Foi com estas expressões proferidas na audiência que Avelino Ferreira Torres irritou a juíza e a levou a exigir-lhe contenção.

A magistrada judicial não ficou sem resposta: «Senhora juíza, eu sou mais velho e a senhora não me vai dizer como eu vou falar». «Eu sou uma pessoa educada». Depois de nova advertência, o arguido acabou por serenar. [Em Fevereiro apresentou queixa-crime contra o procurador].

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O incidente de hoje tinha sido desencadeado na sequência de declarações prestadas pelo autarca, que decidiu quebrar o silêncio para esclarecer um facto relacionado com a acusação: [ver texto: Ferreira Torres: ex-colaboradora denuncia «ameaças»]

«Puxo-lhe as orelhas lá fora, ai puxo, puxo»

Nem o facto de estar sentado na sala de audiências, na presença do procurador, mas longe dos olhares dos juízes, que por momentos se ausentaram, impediu o antigo presidente da Câmara de Marco de Canaveses de oferecer um puxão de orelhas a um advogado que assistia ao julgamento.

Apercebendo-se de que o referido jurista falava ao telemóvel na sala, numa altura em que a audiência estava suspensa, o arguido informou a funcionária de que iria também fazer chamadas telefónicas, ao mesmo tempo que retirava o aparelho do bolso.

A situação gerou uma altercação do arguido com o dito advogado e poucos minutos volvidos já Avelino prometia resolver o caso «à moda de Fafe». «Puxo-lhe as orelhas lá fora, ai puxo, puxo ( . . .) e só não as puxo cá dentro porque, apesar de tudo, tenho mais respeito pelo tribunal do que por si», desafiava.

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Os ânimos serenaram e os visados prosseguiram a conversa em termos mais calmos. «O mal fica com quem o pratica», justificou em declarações ao PortugalDiário, o advogado visado pelas ameaças, que preferiu não se identificar.

Advogada cria incidente

A sessão da tarde ficou ainda marcada por um incidente protagonizado pela advogada Luísa Loureiro, que teve mesmo de renunciar temporariamente à defesa de Ferreira Torres.

A questão foi suscitada pela juíza após ter visto a causídica a aconselhar o arguido durante a sessão, ao mesmo tempo que assumia a representação de Assunção Aguiar, ex-chefe de gabinete de Ferreira Torres, actualmente assistente no processo. [O assistente é um interveniente processual que colabora com a justiça no apuramento da verdade.]

Questionada pela magistrada judicial, Luísa Loureiro disse que apenas representou Assunção Aguiar enquanto aquela foi arguida, isto é, até ter sido despronunciada por um crime de peculato no âmbito do mesmo processo.

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Depois disso, alega, todos os requerimentos na qualidade de assistente teriam sido subscritos por outra advogada.

Advogada renunciou à defesa de Ferreira Torres

A explicação não convenceu o colectivo que até assinalou o facto de a assistente dever ser representada em tribunal por um advogado, sendo certo que na sala de audiência estavam apenas Luísa Loureiro e Nuno Brandão, que se intitulavam ambos advogados de Ferreira Torres. Acresce que Luísa Loureiro não revogou o mandato em relação a Assunção Aguiar, facto que alegou não ser necessário.

Confrontada com o incidente, Luísa Loureiro renunciou nesta sessão ao mandato de Ferreira Torres para poder assumir o patrocínio de Assunção Aguiar, devendo reassumir a defesa do autarca mais tarde. Devido a este incidente a sessão esteve interrompida durante 45 minutos.

«Chamem um cromo, daqueles estagiários que pedem justiça»

Enquanto isso, Ferreira Torres, sugeria uma solução para o caso: «Chamem um cromo, daqueles advogados estagiários que abanam com a cabeça e pedem justiça», exigia ao mesmo tempo que imitava o gesto curvando a cabeça.

O autarca nem deu hipótese à advogada de lhe explicar que a renúncia era temporária. «Eu é que pago, eu é que sei», bradava Avelino.

O julgamento será retomado no dia 30, às 14:30.

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