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Incêndios Caramulo: ateou «cinco ou seis fogueirinhas»

Um dos acusados da autoria dos incêndios do verão do ano passado, que vitimaram quatro bombeiros, assumiu os crimes. O outro arguido negou a qualquer participação nos atos

Um dos acusados da autoria dos incêndios do verão do ano passado na Serra do Caramulo confessou hoje ter ateado «cinco ou seis fogueirinhas», durante a primeira sessão do julgamento, que está a decorrer em Vouzela.

Luís Patrick e Fernando Marinho estão acusados, em coautoria, de um crime de incêndio florestal, de quatro homicídios qualificados e de 13 de ofensa à integridade física qualificada. Sobre o primeiro recai também a acusação de condução sem qualificação legal.

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De manhã, Luís Patrick garantiu estar inocente, negando ter andado com Fernando Marinho numa motorizada a atear focos de incêndio na serra, na noite de 20 para 21 de agosto do ano passado.

À tarde, Fernando Marinho contou que, depois de ter estado com Luís Patrick e mais quatro amigos na praia fluvial a consumir bebidas alcoólicas, o colega disse que ia para casa e ele aproveitou a boleia, uma vez que viviam próximos, em Nogueira de Alcofra, no concelho de Vouzela.

No entanto, segundo Fernando Marinho, Luís Patrick não parou em casa e seguiu para a serra, por atalhos, «para não apanhar a polícia», porque a mota não tinha seguro nem matrícula.

Contou que chegaram a Castanheirinho de Alcofra e Luís Patrick parou a mota, disse que ia fazer necessidades, subiu uma rampa e depois regressou. Quando já iam de novo no veículo é que olhou para trás e viu uma coluna de fumo no local onde o amigo tinha estado.

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Fernando Marinho disse que depois seguiram para Lapa da Meruge, onde Luís Patrick «pegou no isqueiro e pegou fogo às ervas» da berma do estradão.

O juiz questionou-o porque não disse nada ao amigo sobre as suas atitudes, tendo o arguido respondido que tinha medo, porque ele é uma pessoa «um bocado violenta» e que até já lhe tinha batido.

Mais tarde, voltaram a parar, junto às torres eólicas de Silvares, onde Fernando Marinho acendeu um cigarro e ficou com o isqueiro na mão.

O jovem contou que Luís Patrick lhe disse «não és homem não és nada se não chegares fogo às ervas», tendo então ele ateado «cinco ou seis fogueirinhas», a uma distância de 10 a 12 metros umas das outras e que se vieram a juntar num só incêndio.

No regresso a casa, passaram pelo local do primeiro fogo, que estava já a ser combatido pelos bombeiros, acrescentou.

O juiz questionou então se admitia ter estado envolvido nos três incêndios de que fala a acusação - Alcofra, Meruge e Silvares -, ao que o jovem assentiu.

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Fernando Marinho disse que se arrependeu do que fez e que até escreveu no Facebook que só lhe apetecia morrer e que tinha ódio a uma pessoa, mas não dizia quem. Referia-se a Luís Patrick.

No entanto, Assegurou que não foi por causa desse ódio que implicou Luís Patrick neste ato criminoso.

Para o dia de hoje tinham sido chamadas 18 testemunhas, mas apenas foi ouvida uma, José Francisco Pereira, pai da bombeira Ana Rita Pereira, que morreu a 22 de agosto quando combatia as chamas.

No final, José Francisco Pereira disse aos jornalistas que o arranque deste processo lhe dá «mais força», fazendo votos para que seja feita justiça.

Além de Ana Rita, morreram três bombeiros que combateram as chamas na Serra do Caramulo e outros dez ficaram feridos.

O julgamento prossegue na quarta-feira de manhã.

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