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Índios da Meia Praia pedem requalificação dos bairros

Hotéis de luxo em Lagos deveriam ser motivo para promover o turismo

Com a chegada de oito hotéis de luxo à Meia Praia, em Lagos, os pescadores, conhecidos pelos Índios da Meia Praia, reivindicam uma requalificação sustentável para os bairros onde vivem há cerca de 40 anos, informou a Lusa.

O primeiro hotel de luxo a abrir na Meia Praia já este sábado, às 20:00, é o Vila Galé Lagos. Trata-se de um quatro estrelas superior dedicado ao mundo da moda e com cerca de 30 milhões de euros investidos pela segunda cadeia hoteleira mais importante do país.

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Hotéis de luxo são vistos com agrado pelos habitantes

Em declarações à Lusa, o autarca de Lagos, Júlio Barroso, adiantou que estão na calha mais sete hotéis no âmbito do Plano de Urbanização da Meia Praia (PUMP), sendo dois deles, projectos de Potencial Interesse Nacional (PIN).

Os hotéis de luxo são vistos com agrado pelos habitantes do típico Bairro 25 de Abril, mas o presidente da Associação de Moradores apela ao autarca de Lagos para que em vez da desactivação progressiva do bairro se aposte numa requalificação do bairro dos pescadores em pólo turístico.

Júlio Barroso disse à Agência Lusa que foi decidida a desactivação progressiva dos bairros da Meia Praia, contudo alega que «está tudo em aberto» e que a hipótese de uma requalificação dos bairros dos pescadores pode ser viável.

Novos projectos previstos até 2012

Além do Vila Galé Lagos, cujas obras exteriores estão a ser ultimadas esta semana para a inauguração no dia 25 de Abril, e com a provável visita do primeiro-ministro José Sócrates, está também em construção na Meia Praia o Iberohotel de cinco estrelas e que deverá terminar obra em Abril de 2010.

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Os projectos PIN Palmares - com um aldeamento turístico, um hotel e o campo de golfe - e o Meia Praia Baia Resort - constituído por um hotel, um suite hotel e um apartotel - estão ambos previstos abrirem em 2012.

A Câmara de Lagos aprovou recentemente o plano de pormenor na zona da estação de caminho de ferro e está previsto ainda para a zona da Meia Praia outros dois empreendimentos de investidores espanhóis.

«Comunidade vai deixar de existir» se não se fizer uma requalificação»

No Bairro 25 de Abril, há cerca de 50 casas com anexos e cerca de 220 pessoas a viver nelas, mas uma parte dos habitantes - a segunda geração dos índios da Meia Praia - já partiram para bairros nos arredores da cidade de Lagos.

«Os novos vão embora e ficam os velhos. Esta comunidade vai deixar de existir se não deixarem fazer obras nas casas ou se não existir uma requalificação amiga do ambiente», alerta o índio da Meia Praia, José Bartolomeu.

Manuela Rosa, 60 anos e há 41 anos a viver ao lado do mar da Meia Praia não concorda em ter que largar a sua casa e diz que dali não sai para nenhum apartamento, «tenho problemas de pernas, não posso subir escadas», disse.

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Também Pedro Romão, um «índio de segunda geração», demonstra desagrado em estarem a separar a comunidade piscatória.

Inicialmente a população vivia em barracas de colmo e depois passou para casas de tijolo erguidas após o 25 de Abril com dinheiros do Estado português a fundo perdido através do SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local).

O Plano da Urbanização da Meia Praia foi aprovado em Julho de 2007 pelo Governo, uma medida que veio permitir a construção de hotéis de quatro e cinco estrelas naquele areal.

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