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Joana: lesões não eram compatíveis «com queda»

Médica da prisão de Odemira admitiu no Tribunal de Faro ter visto a 18 de Outubro de 2004, Leonor Cipriano com marcas

A médica da prisão de Odemira admitiu esta terça-feira no Tribunal de Faro ter visto a 18 de Outubro de 2004 Leonor Cipriano com várias lesões na cara, peito, costas, braços e joelhos e que os ferimentos não eram fruto de uma queda nas escadas, escreve a Lusa.

Irene Posalaky, médica psiquiatra e de clínica geral, foi a quinta testemunha ouvida no âmbito do caso das agressões a Leonor Cipriano e, na terceira sessão do julgamento, que arrancou esta manhã, afirmou que conheceu a assistente no processo a 18 de Outubro de 2004 e, na altura, apresentava várias lesões.

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«Olhos vermelhos e inchados», «olho esquerdo fechado», «lesões superficiais no abdómen», «grandes hematomas nas costas e peitoral», «braço direito com edemas», «não conseguia falar» e «cortes em ambos os joelhos superficiais, mas simétricos» são algumas das lesões que a médica enumerou no julgamento.

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Segundo Irene Posalaky, que afirmou não ser «especialista em medicina legal», a maior parte das lesões que Leonor apresentava no corpo terão sido feitas com «objectos planos e não cortantes», porque abrangiam grandes superfícies.

Quando questionada pelo advogado de Leonor Ciprinao, a médica acrescentou que pelo menos os ferimentos nos joelhos - classificados como superficiais mas simétricos pela especialista - «nunca» poderiam ter sido fruto de uma queda em escadas.

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Os advogados de defesa, por seu turno, pediram para a médica da prisão de Odemira explicar por que é que só pediu um raio-x aos joelhos passados 11 dias do dia 18 de Outubro de 2004, dia em «que não achou necessário» pedir aquele exame médico.

A médica disse simplesmente que os ferimentos eram superficiais e na altura não achou haver necessidade.

O advogado do arguido Gonçalo Amaral, António Cabrita, perguntou ainda a Irene Posalaky «quem é que tinha encomendado o relatório descriminado e com suporte fotográfico», ao que a médica respondeu que tinha sido por sua «vontade própria» elaborar o relatório meses depois das alegadas agressões.

«Percebi que o caso ia ter uma grande repercussão mediática e resolvi ordenar a informação toda», explicou ao tribunal de júri, constituído por três juízes de Direito e quatro jurados da sociedade civil.

O advogado de Leonor Cipriano, Marcos Aragão, admitiu à Agência Lusa ter tentado um acordo com o advogado Pragal Colaço, representante de quatro dos cinco arguidos no processo, para pedir uma pena suspensa para os quatro arguidos, «desde que eles [os quatro] confessassem que a tortura a Leonor Cipriano foi mandada por Gonçalo Amaral».

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«Abordei o Dr. Pragal Colaço sobre informações que o Dr. Paulo Cristóvão [um dos arguidos] confessou a um então amigo da Judiciária que tinha havido tortura a Leonor Cipriano quatro dias antes da confissão», disse.

A Lusa confrontou Pragal Colaço com esta tentativa de acordo, mas o causídico foi categórico: «Não confirmo, nem desminto. Não quero ter chatices», disse, acrescentando, no entanto, que se Marcos Aragão o autorizasse «por escrito» que falaria sobre o assunto.

Este processo das alegadas agressões a Leonor Cipriano por inspectores da PJ está relacionado com o denominado «caso Joana», que remonta a 12 de Setembro de 2004, dia em que a menina, de oito anos, desapareceu da aldeia de Figueira, Portimão, Algarve.

A mãe, Leonor Cipriano, e o tio, João Cipriano (ambos irmãos), estão condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão cada um, pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver da criança.

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