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Cancro: retrato negro do tratamento em Portugal

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Oncologistas apontaam «desperdício e ineficiência» na utilização dos recursos, falta de profissionais, bem como inexperiência e incapacidade de alguns médicos

Representantes dos oncologistas fazem um retrato negativo do tratamento do cancro em Portugal, apontando «desperdício e ineficiência» na utilização dos recursos, falta de profissionais, bem como inexperiência e incapacidade de alguns médicos, escreve a Lusa.

As críticas estão expressas numa «Carta de Princípios», que será apresentada no sábado em Lisboa e já foi entregue às autoridades da Saúde, subscrita pela Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) e pelos Colégios das Especialidades de Oncologia Médica e de Radiologia da Ordem dos Médicos.

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Cancro faz 40 mil novos doentes todos os anos em Portugal

«Os recursos empregues nesta área têm aumentado a um ritmo elevado, o que pressupõe a existência de desperdício e ineficiência na sua utilização, muito embora Portugal gaste menos com os doentes oncológicos, proporcionalmente às despesas totais em Saúde, do que a média dos restantes países europeus», lê-se na «Carta de Princípios de Coimbra».

Em declarações à Lusa, a presidente da SPO advertiu que «há falhas na prestação de cuidados, há falta de recursos humanos, poucos especialistas a nível nacional para uma cobertura correcta e de qualidade ao doente oncológico».

«Equipas multidisciplinares»

Helena Gervásio sustenta que o tratamento «deve ser feito não só em tempo útil mas também por equipas multidisciplinares» para evitar casos como o de doentes «tratados pela cirurgia quando deviam receber antes [da intervenção] tratamento oncológico».

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«O tempo útil entre o rastreio e o tratamento é de três a quatro semanas e muito poucas instituições dão resposta nesse tempo», referiu, classificando a situação de «inadmissível».

Os três centros de tratamento oncológico do país (Lisboa, Porto e Coimbra) «não têm capacidade para atender todos os doentes», alertou, defendendo a criação de «unidades oncológicas em outras instituições e hospitais».

Meios organizados

Em Portugal, existem 107 médicos de Oncologia Médica, «número insuficiente», já que as doenças nesta área «têm aumentado, assim como o tempo de sobrevivência» dos pacientes.

Jorge Espírito Santo, presidente do Colégio da Especialidade de Oncologia Médica, sublinhou à Lusa que, num contexto em que os recursos humanos e técnicos são «escassos para uma patologia da complexidade do cancro, não basta existirem os meios, eles têm de estar bem organizados».

«Se a oncologia não for devidamente organizada, com o aumento da incidência do cancro, com os novos meios de tratamento, até a própria sustentabilidade do sistema de saúde pode estar em causa», frisou.

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Os signatários da carta atribuem o «desperdício dos recursos» a vários factores, como a «fragmentação» da prática da oncologia e o facto da «abordagem diagnóstica e terapêutica dos doentes com vários tipos de tumor ser executada em locais e/ou por profissionais sem a capacidade ou a experiência necessárias».

«Demasiado pessimista»

Portugal «apresenta ainda resultados sofríveis no que se refere ao tratamento das neoplasias malignas, quando consideradas as taxas de mortalidade e de sobrevivência aos cinco anos», sustentam no documento.

Contactado pela Lusa, o coordenador nacional para as doenças oncológicas afirmou que o diagnóstico feito pelos especialistas é «demasiado pessimista».

«Os dados que nós temos não são tão negativos em termos de resultados globais», sublinhou Pedro Pimentel, acrescentando que estudos epidemiológicos indicam que os resultados a nível nacional tendem a aproximar-se os que se observam a nível europeu, sendo até melhores em alguns casos.

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