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É preciso parar com austeridade «para evitar mais pobreza»

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Presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade Social comenta inquérito divulgado pela Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome

O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social (CNIS) disse, esta quarta-feira, que «é muito importante» que se pare de insistir na austeridade para evitar o agravamento das situações de pobreza.

O padre Lino Maia comentava à agência Lusa um inquérito divulgado pela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome. O inquérito revela que 39% dos participantes afirmou ter passado um dia sem comer por falta de dinheiro e mais de metade referiu que o rendimento familiar «nunca é suficiente para viver».

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«Os dados infelizmente não surpreendem», disse o presidente da CNIS. Lino Maia explicou que o universo deste estudo não são só as instituições particulares de solidariedade social (IPSS). De acordo com o padre Lino Maia, são também grupos sócio caritativos que vão apoiando as pessoas na comunidade, como os vicentinos ou a Cáritas, e que têm registado um aumento de pedidos de apoio «constante e muito significativo».

Nas IPSS, que têm acordos de cooperação, também há acréscimo do número de pedidos, «mas sobretudo há um aumento de famílias a solicitar compreensão por parte das instituições» por não conseguirem honrar os compromissos, adiantou. «Com o desemprego e o aumento das dificuldades há muitas famílias que não conseguem comparticipar nas despesas das instituições», explicou Lino Maia.

As IPSS vão compreendendo, mas também estão «a lutar com imensas dificuldades porque vivem permanentemente no fio da navalha», comentou. Isto porque as comparticipações dos utentes diminuíram na ordem dos 30%, ao mesmo tempo que não há um aumento da comparticipação do Estado, justificou. E as perspetivas, sublinhou, «não são de modo nenhum animadoras».

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Para Lino Maia, «é muito importante que se pare a insistência na austeridade e haja uma aposta na promoção da atividade económica e na promoção de serviços de proximidade», o que ajudaria à criação de emprego e à resolução de algumas situações de pobreza.

«Parece que há uma obsessão pela austeridade e isto leva a que a situação se agrave», alertou. O sacerdote reiterou que «não pode haver futuro para este país sem aliarmos uma aposta na atividade económica à sobriedade. É importante que se comece um ciclo novo».

O inquérito indica que cerca de 59% dos inquiridos pedem apoio às instituições há menos de dois anos. «O que vem demonstrar que muitos dos utentes destas instituições são relativamente recentes, denotando, possivelmente, novas situações de carências», refere ainda Lino Maia.

Perto de dois milhões de pessoas vivem em Portugal em situação de pobreza, das quais cerca de 160 mil não tinham, em 2012, capacidade financeira para uma refeição de carne ou de peixe, pelo menos, de dois em dois dias, refere a federação dos bancos alimentares.

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