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GNR abre inquérito ao incidente que causou morte de criança

Rapaz de 12 anos morreu após ter sido atingido a tiro, no decorrer de uma perseguição policial

A GNR vai abrir um inquérito interno ao incidente que segunda-feira vitimou um rapaz de 12 anos durante uma perseguição após um assalto em Santo Antão do Tojal, Loures, disse à Lusa fonte da Guarda.

A mesma fonte adiantou à Lusa que durante a noite não se verificaram distúrbios na zona onde ocorreu o incidente, após o assalto a um estaleiro de materiais de construção civil, numa propriedade em Santo Antão do Tojal, Loures.

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Uma criança de 12 anos foi morta segunda-feira por disparos de um militar da GNR, após uma perseguição automóvel depois do assalto, em que participaram dois adultos, a bordo de uma carrinha Ford Transit.

Durante a perseguição foram disparados tiros para imobilizar a carrinha e um deles acertou no pneu traseiro direito da viatura, obrigando à imobilização do veículo junto à Igreja de Santo Antão do Tojal, a cerca de um quilómetro da propriedade onde começou a perseguição, revelou à Lusa o comandante do Grupo Territorial da GNR de Loures, tenente-coronel Cardoso Pereira.

Outro dos disparos entrou na viatura e atingiu a criança, um rapaz de 12 anos, conhecido por «Canigia», filho de um dos dois assaltantes, que veio a falecer depois de transportado para o Hospital de Santa Maria.

O tenente-coronel Cardoso Pereira adiantou que a GNR foi alertada, às 17h25, por «um cidadão anónimo» de que «uns homens» estavam a furtar materiais de construção num estaleiro junto a uma quinta em Santo Antão do Tojal que tem uma vacaria.

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«Foram surpreendidos em flagrante delito a furtar bens dentro do estaleiro e, apesar da ordem de paragem, puseram-se em fuga numa carrinha», disse o responsável da Guarda, explicando que a viatura da GNR estava colocada por forma a tentar barrar a estrada mas não conseguiu evitar a fuga.

«A carrinha iniciou a marcha em alta velocidade direito a um militar da GNR, obrigando este a atirar-se para cima da viatura de serviço para evitar ser colhido e salvar a sua vida», relatou.

Segundo a mesma fonte, a viatura militar iniciou então uma «perseguição em alta velocidade à carrinha em fuga (que punha em perigo outros utentes da via)», «tendo havido tiros» contra a mesma.

Depois de conseguida a imobilização da carrinha dos assaltantes, «os militares da GNR procederam à detenção de dois adultos, de cerca de 30 anos, e, nessa ocasião, foi possível perceber que um disparo tinha entrado dentro da viatura e atingido um outro ocupante, que era uma criança, que viria a falecer», descreveu o mesmo responsável policial.

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Lamentando «o trágico desfecho» do incidente, Cardoso Pereira revelou que dentro da carrinha existia material furtado do estaleiro da quinta de Santo Antão do Tojal, mas não confirmou a existência de uma arma.

João Carmo, tio em segundo grau da criança de 12 anos que faleceu, irmão de um dos ocupantes da carrinha e tio por afinidade do outro (o pai da vítima), acusa os militares da GNR de terem «disparado a matar». «[Os militares da GNR] são homens treinados para saber onde dão e onde querem dar e espetaram dois tiros a uma criança. Já tinham vazado o pneu, não precisavam de fazer mais dois tiros. Isto foi racismo», queixou-se.

Junto ao largo da Igreja, onde a carrinha foi interceptada e se deram os disparos que vitimaram a criança, populares que se encontravam num café e pediram o anonimato, afirmaram ter ouvido quatro ou cinco tiros.

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