O Ministério Público (MP) admite, no documento que dá por encerradas as investigações ao desaparecimento de Madeleine McCann, que o cenário mais provável, para o que aconteceu na noite de três de Maio, seja um fim dramático - a morte de Maddie. Uma fatalidade que, apesar das milhares de diligências, permanece sem culpados e ao mesmo tempo um mistério. Os pais de Maddie foram constituídos arguidos no desenrolar das investigações, mas agora o MP explica porque não os acusa de qualquer crime e lhes atribui a inocência.
Segundo o documento, consultado pelo PortugalDiário depois de nesta segunda-feira o processo ter sido tornado público, não é possível imputar aos McCann qualquer crime porque, por exemplo, à hora dos factos, os mesmos não se encontravam no interior do apartamento; o comportamento do casal foi também tido em conta e a sua postura, até à data dos factos e posteriormente, foi considerada normal, segundo os testemunhos.
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No entanto, um dos factores mais importantes para inocência do casal foram os resultados das análises aos vestígios, encontrados no apartamento da praia da Luz e na bagageira da Renault alugada, mais de 20 dias depois do desaparecimento. Os exames revelaram-se inconclusivos, ou seja, não foi possível determinar que os fluidos encontrados são de Maddie.
Na explicação da não acusação ao casal, o MP explica que as análises às chamadas telefónicas também não revelaram indícios e que o alerta prévio, que alegadamente teria sido efectuado à comunicação social [numa alegada chamada à Sky News], em vez da polícia, não se confirmou.
A ser verdade... onde está o corpo?
O despacho final do processo chega mesmo a colocar a hipótese de eventualmente os McCann serem os responsáveis pela morte da criança. No entanto, considera que faltam respostas a muitas perguntas: como, onde, por onde, quando, com que meios, com a ajuda de quem e o que fizeram ao corpo em tão pouco tempo?
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Perguntas de difícil resposta, especialmente, se tivermos em conta, segundo o MP, que os McCann só conheciam as imediações do aldeamento e não tinham contactos ou amigos em Portugal.
Apesar da manifesta inocência do casal, o MP considera que os crimes, equacionados no início do processo, não são de descartar dado o grau de probabilidade, nomeadamente, o homicídio. No entanto, não existem elementos que possam a levar a conclusões para além da suposição.
Pena pesada para descuido dos filhos
Sobre os McCann pesou ainda a cruz de terem descuidado a segurança dos filhos. Indícios de negligência ou abandono foram considerados, mas ao fim de 14 meses... desconsiderados. O Ministério Público explica porquê.
Este tipo de crime tem de configurar dolo para a vítima e perigo para a vida. Ora, segundo o MP, os pais de Maddie não agiram com má-fé, uma vez que não era previsível que ao virem de férias para a praia da Luz algo de mal pudesse acontecer. O MP alega ainda que não era exigível que colocassem a hipótese de rapto, uma vez que não há história de tal crime no local.
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É ainda apontado que, apesar do descuido dos pais, os menores eram sempre vigiados: o documento sublinha, aliás, que os McCann já estão a expiar a pena do seu pecado com o desaparecimento da filha.
Caso prescreve em 2022
O MP defende que a sua decisão não corresponde a um encerramento definitivo e/ou irreversível da investigação. O caso não deverá prescrever antes de Maio de 2022.
Pouco passava das 16h30 desta segunda-feira quando mais de 40 jornalistas - metade britânicos -, que já tinham requerido a consulta do processo, receberam os DVD com cerca de 30 mil páginas, divididas por 67 volumes, com apensos, relatórios, cartas rogatórias, e-mails trocados e documentos traduzidos.
Sem indícios que o casal McCann tenha cometido qualquer crime, o MP determinou o arquivamento do processo. No passado dia 21 de Julho, Kate e Gerry, juntamente com Robert Murat, viram levantado o estatuto de arguido.
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