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Situação dos refugiados exige "resposta mais humana e eficaz"

Cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, assinala que a comunidade católica vai colaborar com instâncias nacionais e internacionais. Vários municípios manifestaram disponibilidade para acolher estas famílias

Todas as famílias, comunidades e organizações católicas “colaborarão inteiramente com as instâncias nacionais e internacionais que se conjugarem nesse sentido, para uma resposta que só pode ser global, dada a complexidade dos problemas a resolver, a curto, médio e longo prazo”, acrescenta a missiva do cardeal patriarca. Organizações da sociedade civil lançaram, esta sexta-feira, em Lisboa, uma Plataforma de Apoio aos Refugiados destinada a procurar respostas e acolhimento para famílias em situação de emergência, tendo como primeiro objetivo a integração das 1.500 pessoas que Portugal deverá receber, embora o ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, tenha afirmado, na quinta-feira, que Portugal tem capacidade para acolher mais refugiados do que os que têm sido referidos. Entretanto, vários municípios do país têm mostrado disponibilidade para acolher refugiados, nos últimos dias. Esta sexta-feira, foram as autarquias de Fafe e Aljustrel que assinalaram que estão prontas para receber estas famílias. A ajuda da autarquia da Fafe aos refugiados foi aprovada por unanimidade, em reunião do executivo realizada na quinta-feira. O projeto da autarquia de Fafe, vincou ainda, está a ser desenvolvido no âmbito do evento "Fafe Terra Justa", que anualmente convida personalidades para refletir sobre temas ligados à justiça, solidariedade e direitos humanos. Também a Câmara de Aljustrel fez saber que está "disponível" para criar condições para receber refugiados no concelho, em parceria com outras instituições, mas com "dignidade humana" e não numa lógica de caridade. A informação foi revelada à agência Lusa pelo presidente do município. A Câmara de Aljustrel só está disponível para receber refugiados se, através de uma rede de instituições, for possível criar condições com aquelas "premissas básicas para a dignidade humana", frisou, referindo que a autarquia "não admite a hipótese de receber refugiados numa lógica de caridade".

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O cardeal patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, considera que o drama dos refugiados que tentam chegar à Europa “exige de todos” uma “resposta mais humana e capaz”, numa carta enviada aos diocesanos, no início do ano pastoral.

“Na verdade, a dramática situação de tantos milhares de pessoas que demandam a Europa como lugar de paz e sustento para si e para os seus, com duríssimas dificuldades para chegar e permanecer no nosso continente, exige de todos nós a resposta mais humana e capaz”, lê-se na carta enviada por Manuel Clemente.

“Tudo se garantirá com um espírito solidário, tão criativo como persistente, que nos há de impulsionar, a nós e a todos.”

“A plataforma nasce da vontade de organizações da sociedade civil em dar resposta a esta crise humanitária, em diálogo com o Estado português”, pelo que será complementar, disse à agência Lusa Rui Marques, um dos mentores da iniciativa e presidente do Instituto Padre António Vieira, uma das instituições que participa no projeto.

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Até quarta-feira, aderiram à PAR a Cáritas Portuguesa, a Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade, a Comissão Nacional Justiça e Paz, o Comité Português da UNICEF, a Comunidade Islâmica de Lisboa, o Corpo Nacional de Escutas, o Conselho Português para os Refugiados, Cruz de Malta, EAPN Portugal/Rede Europeia Anti-Pobreza, a Fundação Gonçalo da Silveira, GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial, a Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, o Serviço Jesuíta aos Refugiados, a Obra Católica Portuguesa das Migrações e a Congregação das Escravas do Sagrado Coração de Jesus.

Municípios dispostos a acolher famílias de refugiados

O presidente da Câmara de Fafe, Raul Cunha, manifestou essa disponibilidade do concelho, "mobilizando toda a comunidade local".

"Iremos receber todos os refugiados que pudermos, de forma proporcional à dimensão do município", vincou Raul Cunha, avançando que a autarquia tem um grupo de trabalho envolvido no projeto.

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"Não queremos que seja uma coisa exclusiva da autarquia, mas que envolva todos os partidos políticos, a comunidade civil, as empresas, as instituições de solidariedade e as igrejas."

"A situação dramática vivida pelos refugiados oriundos do norte de África e que tem levado à morte de milhares de pessoas no mar Mediterrâneo tem mexido connosco e tem levado a que estejamos aqui, há vários meses, a preparar uma intervenção."

"Fafe tem este sentimento de justiça e de apelo aos valores e às causas da humanidade, este é um assunto que nos tem incomodado e nos tem feito preparar uma forma de intervirmos que seja útil para ajudar, à nossa medida, a minorar este problema", sinalizou.

À Lusa, Raul Cunha adiantou, por outro lado, que o projeto de escala municipal vai ser enquadrado na resposta nacional e as estruturas que estão a intervir nesta área.

Apelou também a "toda a comunidade local para se mobilizar, cada um à sua medida, dando um contributo para ajudar num problema que é de uma dimensão humana terrível".

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A Câmara de Fafe pretende também incluir na segunda edição do evento, "Fafe Terra Justa", prevista para 2016, uma reflexão sobre as causas deste problema.

Acolher, mas com "dignidade humana"

Nesse sentido, a autarquia "está a desenvolver, internamente, um trabalho no sentido de envolver outras instituições locais e regionais na criação de condições para se poder receber famílias de refugiados" no concelho, explicou Nelson Brito.

"Estamos a trabalhar para o concelho poder receber famílias de refugiados com dignidade humana", ou seja, "com casa, saúde, educação e trabalho, para que possam ter autonomia e viver dignamente", e "não numa lógica de caridade."

Segundo Nelson Brito, a autarquia "está a trabalhar para ouvir os parceiros da Rede Social de Aljustrel no sentido de saber a disponibilidade de cada um e em que medida podem ajudar a criar condições para se receber famílias de refugiados no concelho".

   

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