A família de Belmiro Marques Graça, um dos dois portugueses desaparecidos no naufrágio desta segunda-feira junto à costa francesa, ainda espera que o pescador venha a ser encontrado com vida.
«A esperança é a última a morrer. Enquanto o corpo não for encontrado, vamos estar na esperança», disse à agência Lusa Marlene Filipa Marques, sobrinha de Belmiro Graça.
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Marlene Marques falava à porta da casa do tio, um apartamento no bairro social das Caxinas, Vila do Conde, onde vários familiares se concentraram esta segunda-feira, procurando consolar a mulher e os dois filhos do pescador.
«Ainda não estamos bem assentes daquilo que aconteceu. Estamos como que num sonho, mas sabemos que é difícil sobreviver tantas horas no mar», afirmou.
Marlene Marques explicou que o tio trabalhava, há oito meses, na empresa francesa proprietária do Petit Jolie, o barco que naufragou esta segunda-feira com três pescadores portugueses (um sobreviveu) e quatro franceses a bordo.
«Esteve cá no Natal. Vinha mais ou menos uma vez por mês. Foi quarta-feira para o mar e domingo descarregou peixe na lota, lá em França», disse a sobrinha.
O último contacto telefónico de Belmiro Graça com a mulher ocorreu às 17h, de domingo, pouco antes de partir de novo para o mar.
De futebolista a pescador
Belmiro Marques Graça nasceu há 48 anos nas Caxinas, numa família de pescadores.
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O pai chegou a ter barcos de pesca e dois irmãos de Belmiro ainda trabalham no sector, um em terra e outro no mar.
Contudo, os filhos do pescador desaparecido não seguiram as pisadas do pai. «Um estuda e o outro trabalha na área têxtil», disse Marlene Marques.
Segundo a sobrinha, Belmiro Graça «andou nos últimos anos em Marrocos, Espanha e França», tendo ido trabalhar para a actual empresa «através de uns amigos».
Antes de optar pela pesca, Belmiro Graça jogou futebol, como defesa esquerdo, carreira que começou na época de 1980/81, no FC Malta.
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