Falou João Gouveia, o pai. mas não o filho. O João Gouveia, Dux da Universidade Lusófona e que aparentemente terá sido o único sobrevivente da tragédia do Meco que em dezembro de 2013 vitimou seis estudantes, não compareceu esta segunda-feira de manhã no debate instrutório que tem início no Palácio da Justiça de Setúbal, após o tribunal de Almada ter arquivado o processo por considerar não haver indícios de crime.
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Apesar dos familiares das vítimas pedirem respostas há mais de um ano, o pai do único arguido neste processo refere que «a estratégia nunca foi o silêncio. A estratégia foi sempre prestar todos os contributos para o processo, no apuramento da verdade, no lugar certo e junto das pessoas competentes».
«Ele mais do que ninguém, como jovem que viu perder os seus amigos, num momento daqueles, é o primeiro a querer que a verdade venha ao de cima».
O namorado de uma das vítimas adianta a justificação da ausência de João Gouveia à jornalista da TVI, Ana Leal: «Cobardia».
Mário, namorado de Carina Sanches, não entende: «Para quem está inocente, revela uma enorme cobardia», acrescentando que nunca mais falou com o Dux deste então, embora este lhe tivesse «prometido uma conversa». Aparentemente revoltado, o jovem diz que «está na altura de se parar de falar no sofrimento do João e falar-se no sofrimento dos outros».
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Não é essa a opinião do pai de João Gouveia, que acusa a comunicação social de querer «transformar um drama real num drama de faca e alguidar». E lembra que o filho tem estado a viver uma situação difícil: «Para além do drama moral, psicológico, que é ver partir os seus amigos. Poder ele ter partido também. E agora ao final deste tempo ter que assistir a esta situação novamente?».
Uma situação que os pais das vítimas recordam a cada dia que passa.
«Gostava de perguntar ao João por que é que ele teve a ideia de os levar à praia naquela noite. Nós precisamos de uma resposta daquilo que aconteceu naquela noite, para fazer o luto da morte dos nossos filhos», conta uma das mães.
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