Um médico acusa a Autoridade que regula o sector do medicamento de recusar um fármaco inovador a um seropositivo e garante que vai apresentar uma queixa na sua Ordem, enquanto o Infarmed alega que «a relação de benefício/risco» era «desfavorável neste caso», escreve a Lusa.
Eugénio Teófilo é médico internista no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, e contou o caso durante um encontro hoje com jornalistas sobre a infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) em Portugal.
PUB
«Entre 30 a 40 por cento dos doentes são diagnosticados tardiamente»
«Ciência à portuguesa»: HIV tem menos um segredo
De acordo com o clínico, o caso deu-se em Julho, quando um doente que estava a receber tratamento com dois medicamentos (Darunavir e Raltegravir) apresentou «uma carga viral não controlada».
No início de Setembro, acrescentou, o médico solicitou à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos da Saúde (Infarmed) que desse uma autorização especial para um medicamento inovador que na altura não estava a ser comercializado em Portugal, a Etravirina.
A 22 de Setembro, o Infarmed respondeu «a solicitar mais informações», adiantou o médico, afirmando que respondeu a justificar «o resgate terapêutico».
Segundo Eugénio Teófilo, a resposta do Infarmed chegou a 26 de Outubro e foi uma recusa ao pedido, tendo o Infarmed justificado com o argumento de o doente não ser totalmente sensível à Etravirina.
PUB
Alegações do médico
O médico adianta ainda que o Infarmed terá recomendado a terapêutica com os fármacos que o doente anteriormente tomara e que, como diz, não estavam a apresentar bons resultados.
Segundo Eugénio Teófilo, o doente em causa, com 54 anos e seropositivo há muitos anos, «não tem muitas mais hipóteses».
O clínico alerta que o medicamento solicitado é «imprescindível para o tratamento» do doente em causa, que está «a fazer resistências» aos outros fármacos.
Por esta razão, Eugénio Teófilo anunciou que vai apresentar uma queixa na Ordem dos Médicos, acusando o Infarmed de «bloquear o acesso» ao medicamento.
Contactado pela Agência Lusa, o Infarmed respondeu que, «na situação concreta do Hospital dos Capuchos, o parecer do perito foi negativo por considerar que existe uma relação de benefício/risco desfavorável neste caso», acrescentando que «o hospital não contestou os termos da avaliação».
PUB