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Estudantes contra novo curso de Medicina

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Discordam do modelo de funcionamento em «pós-graduação» e consideram que em breve o país terá médicos a mais

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) protestou contra o novo curso de medicina no Algarve, por discordar do modelo de funcionamento em «pós-graduação» e considerar que em breve o país terá médicos a mais.

A associação salienta que se opõe a este novo curso de medicina por considerar que «nem a sua implementação nem o modelo que é proposto estão justificados ou em acordo com as reais necessidades do País».

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«Os verdadeiros motivos da falta de médicos em algumas regiões e especialidades prendem-se com incapacidades na gestão e planeamento de recursos humanos, que poderiam ser resolvidos com gestão integrada dos quadros médicos, incentivos à instalação de médicos nas regiões carenciadas, investimento nas infra-estruturas locais de saúde e abertura de mais vagas nas especialidades deficitárias», considera a ANEM num comunicado.

A ANEM lembra que a Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que em 2005 Portugal tinha 3,4 médicos por 1.000 habitantes, uma média superior à europeia e à norte-americana, destacando que o único estudo realizado em Portugal sobre este assunto, do Grupo de Missão Para a Saúde, em 2001, demonstra que «apenas em 2016, 2017 e 2019 o número dos aposentados excede ligeiramente o número de licenciados».

Mais custos para o Estado

«Num espaço de 10 anos o numerus clausus de Medicina teve um crescimento de 288 por cento, tendo atingido, em 2008/2009, um recorde histórico de 1.614 vagas», salientam os estudantes de medicina.

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«Este número, que excede as aposentações previstas em qualquer dos anos até 2021, virá contribuir notoriamente para o excedente de médicos já previsto no estudo do Grupo de Missão Para a Saúde, excedente que será agravado pelo regresso das centenas de jovens portugueses a estudar Medicina no estrangeiro», escreve a associação, acrescentando não compreender por isso «a criação de mais uma faculdade de Medicina, que venha acrescentar, conforme anunciado, mais cem médicos ao excedente já previsível a médio prazo».

A associação critica ainda «o funcionamento do curso de Medicina como se se tratasse de uma pós-graduação», por considerar que «à luz da declaração de Bolonha, a criação de um curso de Medicina de segundo ciclo está completamente desenquadrada» do actual formato aprovado de formação em medicina como um ciclo de seis anos em mestrado integrado.

Considera ainda que o curso no Algarve em regime de segundo ciclo exige mais um ano de formação e acarretará mais custos para o Estado e o estudante, além de «diminuir o tempo de contacto com a prática Médica», quando «os currículos portugueses e europeus têm vindo a ser alterados para incluir o contacto precoce com a clínica, a partir inclusivamente do primeiro ano de formação».

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