Já fez LIKE no TVI Notícias?

Operações aos olhos em Cuba foram «provocação»

Relacionados

Moita Flores admite que só quis mostrar «a hipocrisia das listas de espera»

O presidente da Câmara de Santarém revelou esta quarta-feira que o protocolo assinado em Abril de 2008 com os serviços de saúde cubanos foi das «provocações que mais gozo» lhe deram desde que assumiu funções autárquicas.

Francisco Moita Flores (independente eleito pelo PSD), que esta quarta-feira almoçou com os 12 munícipes operados aos olhos em Cuba, os primeiros de uma leva que vai continuar com a ida de um segundo grupo em Maio, afirmou que a discussão gerada à volta desta iniciativa permitiu perceber a «hipocrisia» das listas de espera e contribuir para a sua redução.

PUB

Oftalmologia: cirurgias aumentaram 30 por cento

«Enquanto presidente da Câmara, esta iniciativa foi a que mais me divertiu, porque, para além de resolver o problema destes velhotes, sacudiu o país em termos da discussão sobre cirurgias às cataratas e percebeu-se a tremenda hipocrisia que havia, nos enganos, atropelos, manipulação dos números do que eram listas de espera grandes e que rapidamente encurtaram», disse.

Segundo Moita Flores, apesar de outros municípios portugueses terem assinado antes protocolos similares com os serviços de saúde cubanos, Santarém gerou uma discussão que «pôs a nu o cinismo e a hipocrisia» que reinava, revelando «a verdadeira face dos interesses ocultos» existentes no sector.

«Mercado de ciganos»

Segundo o autarca, quando se começou a falar sobre o protocolo com Cuba, recebeu no seu gabinete «dezenas de propostas de clínicas» com preços mais baixos que os geralmente praticados, o que o fez concluir que estava perante «um mercado de ciganos».

PUB

«Desde a indignação pouco ajuizada do bastonário da Ordem dos Médicos, aos hospitais, Parlamento, entrou tudo numa discussão louca por causa de meia dúzia de velhotes que iam fazer uma operação às cataratas a Cuba», afirmou.

«Foi bom para estes, que foram a Cuba, passaram 15 dias de férias, foi-lhes oferecida uma operação e vieram a ver, e foi bom para os que foram operados cá», afirmou.

Moita Flores disse ser «engraçado» que as pessoas que estão na lista da Câmara para irem resolver o seu problema a Cuba «começaram a ser rapidamente chamadas» pelo Hospital de Santarém, pelo que, ironizou, está a pensar publicar os nomes na página da autarquia na Internet para ver se acelera os processos.

Para «reacender a discussão e irmos fazendo o balanço às listas de espera», a autarquia está já a preparar a ida, em Maio, de um segundo grupo, no âmbito do protocolo assinado com Cuba, disse.

Os inscritos são, segundo Moita Flores, pessoas que não têm condições para resolver o seu problema sem ser com recurso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e cuja situação é avaliada pelos serviços sociais da autarquia e atestada por médicos.

PUB

Maria Helena Dantas, 79 anos, foi uma das pessoas que integrou o grupo que foi a Cuba no final de Outubro de 2008 e que, disse à Lusa, estava há três anos à espera de ser chamada pelo Hospital.

«Tenho um problema das cataratas e tinha uma carta da médica de família no Hospital à espera há três anos. Um dia senti uma dor muito grande e fiquei sem ver da vista direita. Lá (em Cuba) fizeram tudo, tudo, mas tinha um glaucoma muito alto. Fui operada à vista esquerda e fiquei muito bem. É com esta que me estou a governar», afirmou.

Conhecedora da iniciativa da autarquia através da nora, que é funcionária do município, Maria Helena confessou que, apesar dos receios de quem nunca andou de avião nem saiu de Portugal, gostou «imenso», sobretudo da «gente boa, boa, boa».

PUB

Relacionados

Últimas