O Ministério Público constituiu esta quarta-feira como arguido um sargento do exército, envolvido no processo sobre a morte dos recrutas dos comandos Hugo Abreu e Dylan Araújo Silva.
De acordo com fonte judicial ouvida pela agência Lusa, o sargento, suspeito de ter batido e atirado os recrutas às silvas durante o curso dos Comandos, foi interrogado no Departamento de Investigação e Ação penal (DIAP) de Lisboa e remeteu-se ao silêncio.
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O processo tem agora 18 arguidos. Falta ainda ouvir o tenente-coronel Mário Maia, diretor do curso, entretanto destacado em missão em Angola. Já informou o Ministério Público estar apenas disponível para vir a Portugal em junho. Entretanto, acusou o regimento de deslealdade ao ter enviado um guião da prova zero para o Ministério Público, feito depois da morte dos dois recrutas.
Familiares também serão ouvidosO Ministério Público tenciona ainda inquirir os assistentes, designadamente os pais do soldado Hugo Abreu, que vivem em França e que só terão possibilidade de se deslocarem a Portugal em maio.
O inquérito investiga a morte de dois militares e de vários outros que receberam assistência hospitalar, na sequência do treino do 127.º Curso de Comandos na região de Alcochete, no distrito de Setúbal, no dia 4 de setembro de 2016.
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Segundo o Ministério Público, num despacho de novembro, a natureza dos crimes e a atuação dos suspeitos revelam "personalidades deformadas, (...) com vista a criar um ambiente de intimidação e de terror, bem como sofrimento físico e psicológico nos ofendidos, sujeitando-os a tratamento não compatível com a natureza humana".
Os envolvidos, adianta o despacho, tinham conhecimento que com as elevadas temperaturas que se faziam sentir e a privação de água, os instruendos não estavam em condições físicas e psíquicas de prosseguir a instrução.
No entender do Ministério Público, "a atuação reiterada dos suspeitos" revela um "manifesto desprezo pelas consequências gravosas que provocam nas vítimas, tratando os instruendos como pessoas descartáveis".
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