Nos próximos nove meses, quinze mil crianças vão ser medidas e pesadas. O objectivo é tratar estes dados de forma a definir modos de actuar para os dois anos seguintes, no sentido da prevenção e combate ao excesso de peso. Para accionar este projecto-piloto, o Ministério da Saúde assinou esta terça-feira um protocolo com cinco municípios e com a Universidade Atlântica.
«Sensibilizar e mobilizar a população para a adopção de estilos de vida positivos e saudáveis, promover bons hábitos alimentares, promover uma vida mais activa, reduzir o impacto de excesso de peso na população portuguesa de forma especial nas crianças e adolescentes», foi assim que a ministra da Saúde, Ana Jorge, explicou os objectivos deste projecto, que envolve o Fundão, o Montijo, Oeiras, Seixal e Viana do Castelo.
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Mais de 50 por cento com peso a mais
A ministra salientou que «em Portugal estima-se que mais de 50 por cento da população adulta sofra de excesso de peso» e que «em crianças com idades compreendidas entre os sete e os nove anos o excesso de peso e obesidade atingem os cerca de 30 por cento».
«Em 2050, alguns países estimam uma redução da esperança de vida media em cinco anos se estas tendências se mantiverem no que se refere à obesidade», salientou a governante.
Comando televisivo aliado da obesidade
Ana Jorge referiu ainda que o problema do excesso de peso atinge forma preocupante as classes mais desfavorecidas. «Por exemplo, uma porção de 100 kcal de fruta e vegetais contém cerca de cinco vezes mais nutrientes, mas é cinco vezes mais caro do que a quantidade equivalente em energia de outros alimentos».
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«Pessoas de mais baixo rendimentos têm acesso limitado às zonas desportivas e habitam em zonas de caos urbano», acrescentou.
Um projecto piloto «replicável»
O coordenador da Plataforma Contra a Obesidade, João Breda, explicou aos jornalistas a dimensão do estudo que vai ser realizado junto de crianças com idades entre os 6 e os 10 ano. «Estimamos que vamos estudar aproximadamente 15 mil crianças nestes concelhos».
«O estudo terá a duração de nove meses no máximo, ao fim deste tempo teremos os primeiros resultados, mas com resultados preliminares já temos preparada toda a intervenção que vamos efectuar já a partir do próximo ano lectivo», acrescentou ainda.
O facto das autarquias terem competência para fornecer alimentação às crianças motivou uma abordagem junto delas. «Queremos que elas sejam melhores nisso, na definição dos alimentos, na política alimentar, naturalmente em colaboração com o Ministério da Educação».
João Breda referiu ainda a necessidade de os menus nas escolas serem melhorados, tal como o «ambiente à volta da escola». «Há estabelecimentos que vendem produtos pouco interessantes para as crianças, queremos que a indústria colabore».
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«Acreditamos que temos que dar oportunidade à auto-regulação, mas é preciso que dentro de dois a três anos isso seja avaliado», salientou ainda.
O responsável revelou ainda que os «valor do estudo anda à volta dos 160 mil euros».
Para já este é um projecto-piloto, mas com o objectivo de se alargar a outras autarquias e de envolver outras entidades da sociedade civil. «Queremos criar um bom exemplo para ser replicável», apontou.
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