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Maria Nobre Franco, ex-diretora do museu Berardo, em Sintra, morreu na madrugada desta terça-feira, em Cascais, aos 77 anos, vítima de doença prolongada, segundo informou a família em comunicado.
"Foi uma amiga que me ajudou muito. A primeira exposição da minha coleção, em 1993, foi na sua galeria [Valentim de Carvalho], foi a diretora do museu em Sintra e foi consultora para muitas coisas que fiz na minha vida", comentou, em declarações à agência Lusa, o empresário José Berardo.
"Vou ter uma grande saudade", acrescentou o colecionador de arte moderna, que salientou o papel desempenhado pela "grande amiga" na divulgação da cultura e das artes.
"Uma referência fundamental da arte portuguesa nas várias declinações da sua atividade como galerista, diretora de museu, administradora e amiga, muito próxima dos artistas com quem trabalhou ao longo da vida", descreve a nota divulgada pela família.
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Na capital francesa, entre 1962 e 1965, foi redatora e locutora nas Émissions vers l'Étranger (da O.R.T.F.) e contactou com a escritora Maria Lamas e António José Saraiva, então investigador do Centre National de Recherche Scientifique.
Depois de regressar a Portugal, trabalhou em publicidade e, em 1984, fundou a galeria EMI Valentim de Carvalho, com o marido, o editor discográfico Rui Valentim de Carvalho, que faleceu em 2013.
A galeria, sob a sua direção, serviu ainda para revelar artistas "em início de percurso como Rui Sanches, José Pedro Croft e Pedro Calapez", ou Ana Jotta, Xana e o Grupo Homeostético, assim como a pintura de William Burroughs.
Nos dez anos na direção do Sintra Museu de Arte Moderna - Coleção Berardo, contribuiu para o prestígio da coleção, "abrindo-a a artistas portugueses que, em grande parte por sua influência, a vieram a integrar", salientam os familiares.
Após a transferência da coleção para o CCB, Maria Nobre Franco assumiu a administração da Fundação Arpad Szenes/Vieira da Silva, desde 2008, em representação da Câmara de Lisboa, e foi administradora da Fundação Júlio Pomar, entre 2004 e 2013.
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A paixão pela arte estendeu-se ao cinema, ajudando cineastas do Cinema Novo, nas décadas de 1960 e 1970, como Fernando Lopes, realizador de "Belarmino" e "Uma abelha na chuva".
Maria Nobre Franco, mãe do cineasta Bruno de Almeida, foi condecorada pelo Presidente da República Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante D. Henrique.
A galerista morreu vítima de cancro, de acordo com a família, e o velório realiza-se a partir das 18:00 de hoje, na Basílica da Estrela, em Lisboa. O funeral segue na quarta-feira para o Alentejo, após missa celebrada, às 13:30, pelo padre Tolentino Mendonça.
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