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Transplantes: a pé entre França e Portugal

Emigrante recebeu transplante de fígado há 20 anos e quer sensibilizar doações

Um emigrante vai percorrer a distância entre o norte de França e o norte de Portugal, a pé, para fazer campanha a favor da doação de órgãos, disse esta terça-feira à Lusa, José Sá, o protagonista desta aventura que, há 20 anos, recebeu um transplante de fígado, avança a Lusa.

«É uma forma de comemorar o vigésimo aniversário da data em que recebi um fígado novo», afirmou José Sá, emigrante em França, que inicia, quarta-feira, uma viagem a pé até Portugal para apelar à doação de órgãos.

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Com 48 anos, três filhos e uma neta, José Sá é portador da Doença de Wilson, genética e hereditária, que se manifesta, sobretudo, através da acumulação excessiva de cobre nos tecidos que pode levar a uma falência hepática fulminante.

Os pais de José, um casal português que há 50 anos emigrou de Vila Nova de Famalicão para Vaux-Warnimant (departamento de Cosnes-et-Romain, a 30 km de Estrasburgo), em França, tiveram doze filhos.

Uma irmã e um irmão de José Sá faleceram com doenças hepáticas.

«Além dos dois que já morreram, tenho mais dois irmãos e uma irmã com a mesma doença que, a todo o momento, podem precisar de realizar um transplante», salientou.

É pelos irmãos e pelas «centenas de pessoas doentes» que conhece, que o emigrante português inicia uma viagem que prevê dure cerca de 100 dias.

«Levo apenas uma mochila com alguns remédios, roupa e documentos sobre a doação de órgãos para distribuir por locais e pessoas com quem me vou cruzar», frisou.

«Não é a fé que me faz andar»

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De França até Santiago de Compostela, em Espanha, José Sá, vai percorrer o Caminho de Santiago.

«Não é a fé que me faz andar. Vou usar o caminho porque é o melhor percurso para chegar à Galiza e porque posso dormir nos albergues, ao mesmo tempo, que é uma garantia de que vou encontrar mais pessoas a quem posso falar da minha causa», referiu o caminhante.

De Santiago de Compostela até Joane, a freguesia do concelho de Famalicão onde nasceram os pais de José Sá, o trajecto será feito por estrada.

«Não vai ser fácil porque a viagem é longa mas vou conseguir alcançar o meu objectivo porque tal como eu, vinte anos depois de um transplante, estou vivo e com saúde, há muita gente que pode viver com muito mais qualidade se houver mais pessoas a doar órgãos», salientou.

Salientou ainda que «as pessoas têm ainda algum medo de oferecer os seus órgãos para que outros possam viver, mas este é o maior acto de solidariedade humana que conheço».

«Não é preciso escrever nada nem fazer "testamentos" para que a família possa doar órgãos que são vitais para que outras pessoas vivam. Basta manifestar essa intenção à família e aos amigos», acrescentou.

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