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Bispo ficou «triste» com condenação do padre Fundão

Luís Mendes, de 37 anos, abusou de seis crianças com idades entre os 11 e os 15 anos, cinco das quais alunos em regime de internato no Seminário

O bispo da Guarda ficou «triste» por o ex-vice-reitor do Seminário do Fundão ter sido condenado pelo tribunal a 10 anos de prisão por crimes de abuso sexual de menores.

Manuel Felício disse esta segunda-feira, no final da leitura da mensagem de Natal, que a decisão judicial o «surpreendeu».

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«Com certeza que fiquei assim um bocadinho triste», afirmou o prelado diocesano, acrescentando que «a tristeza também pode ser imposta pelos factos».

A pena de 10 anos de prisão foi aplicada em cúmulo jurídico e o tribunal do Fundão deu como provados todos os crimes: abuso sexual de menores, abuso sexual de crianças e coação sexual.

A condenação teve em conta o número de atos praticados (19) e não o número de vítimas envolvidas, como pretendia a defesa.

De acordo com o que ficou provado em Tribunal, Luís Mendes, de 37 anos, abusou de seis crianças com idades entre os 11 e os 15 anos, cinco das quais alunos em regime de internato no Seminário do Fundão.

Os cinco seminaristas foram abusados entre 2011 e 2012 e a sexta vítima - aluno do padre no Colégio Nossa Senhora dos Remédios, Tortosendo, Covilhã - foi abusada em 2008.

A Diocese da Guarda anunciou, em comunicado, que a defesa do sacerdote iria recorrer da decisão, tendo o bispo optado por falar do assunto apenas no dia de hoje.

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«Este é o meu primeiro pronunciamento sobre o assunto. Eu não tive nenhum pronunciamento antes, preferi não o fazer no dia, não o fazer no dia a seguir, porque [pretendi] permitir que outras posições fossem tomadas», justificou.

O bispo sublinhou que ficou «triste» com os acontecimentos e disse querer entender os factos com outro significado. «Eu quero assumir estes factos como um convite a mim próprio, a nós padres e a nós Igreja, a aprofundarmos ainda mais a qualidade do nosso serviço.»

Manuel Felício disse ainda que «os tribunais da Igreja estão empenhados em fazer justiça» e que esse empenho já o «obrigou a fazer duas deslocações a Roma para contactos com a Congregação da Doutrina da Fé, dicastério onde está sediado o tribunal que, por superior determinação da Santa Sé, julga estes casos».

«Portanto, a mesma colaboração que, desde a primeira hora garantimos aos tribunais civis e lhes continuaremos a garantir até ao fim, estamos a dá-la também ao tribunal eclesiástico competente para se pronunciar sobre esta matéria», referiu.

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Indicou que o processo canónico tem quatro fases - investigação prévia; investigação no terreno; julgamento e sentença - tendo já sido cumprida a primeira.

«Eu comuniquei à Congregação da Doutrina da Fé e agora o processo vai continuar e espero que em tempo útil tenhamos a conclusão final», observou, acrescentando que os elementos que vão julgar o caso serão indicados pelo Vaticano.

O bispo lembrou que o Código de Direito Canónico prevê, para casos desta natureza, a expulsão do estado clerical, considerada «a pena maior».

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