Já fez LIKE no TVI Notícias?

«Ela voltou a roubar a Joana»

Bebé de Penafiel: Carlos já confessara aos vizinhos que a menina não podia ser sua filha. «Eu não dou filhos», referiu uma semana antes de ver as fotos da PJ na Internet e de ter reconhecido a mulher. A história contada por quem conviveu de perto com o casal

Quando ontem à tarde viu o aparato policial à porta de Alice e Carlos, em Valongo, a vizinha Margarida Reis pensou que «o Senhor Carlos tivesse perdido a cabeça e batido na Dona Alice».

As discussões na casa do lado eram frequentes «principalmente desde Janeiro», altura em que «a empresa onde o pai trabalha começou a pedir os documentos da Joana».

PUB

O cenário não augurava nada de bom. «A tia estava à porta de casa. Segurava a menina no colo e chorava». Da porta saiu o pai desfeito em lágrimas.

Instado pela vizinha a contar o que se passava, Carlos respondeu entre lágrimas: «Ela roubou-me a Joana... e agora voltou a roubar-me a Joana». Margarida ficou ainda mais confusa. Foi nessa altura que Carlos a esclareceu. «A Joana é a menina que desapareceu de Penafiel».

A vizinha encostou-se ao muro e levou as mãos à cabeça. «Fiquei doente com isto», confessa ao PortugalDiário. Poucos minutos volvidos, Alice saía escoltada por dois polícias. «Disse-lhe: «Então Alice? Ela encolheu os ombros e seguiu».

Margarida sabe agora que a vizinha Alice fingiu uma gravidez. E não acha que a mentira fosse rapidamente desmontada. «Ela é muito forte. Parecia grávida todos os dias».

Confessou aos vizinhos: «Eu não dou filhos»

A confidência que Carlos tinha feito em casa dos vizinhos numa noite da semana passada fez então sentido. «Há coisa de uma semana esteve aqui em nossa casa e disse-me, a mim e ao meu marido, que não podia ser o pai da Joana».

PUB

Margarida e o marido até ficaram «incomodados com a conversa» e pediram-lhe «para não dizer disparates». Mas Carlos «insistiu, insistiu», referindo que a mulher se recusava sempre a entregar o registo da menina e que «na EDP, onde trabalha, não se cansavam de pressioná-lo para entregar os documentos».

Margarida continuava sem acreditar e até chegou a dizer: «Mas ó senhor Carlos, a menina é a sua cara [«temos sempre a mania de procurar semelhanças entre os pais e os filhos», diz agora]».

Carlos aproveitou a deixa e resolveu contar a história toda. «Eu não dou filhos», referiu para explicar a sua infertilidade, aproveitando ainda para acrescentar que o J.P., filho do seu primeiro casamento, e actualmente com 13 anos, tinha sido «adoptado de pequenino».

Os dois casais que se conheciam há meia dúzia de meses, [Carlos e Alice foram para ali em Outubro] relacionavam-se «como família», mas Margarida e o marido eram «os únicos vizinhos com quem a Dona Alice falava mais».

PUB

De resto, a senhora de 37 anos «calma e pacata» era pessoa de poucas falas. Mas com Margarida era diferente. «Ela vinha aqui muitas vezes pedir-me comida». Não que vivessem mal «mas discutiam muito e o homem ia para Coimbra ao domingo e só voltava na sexta-feira. Se calhar, como andavam aborrecidos, não lhe deixava dinheiro».

O casal «discutia forte e feio» e há cerca de um mês o ambiente piorou na casa da rua Álvares Cabral. Carlos informara Alice de que a queria fora dali. «A ela e às duas filhas, de 13 e 10 anos. Vi-a a chorar muitas vezes», recorda a vizinha. Alice desabafava com Margarida: «Ele é que me tirou de casa. E agora quer-me fora a mim e às minhas filhas».

Quando viu as fotos da PJ na Internet sobre a mulher de Penafiel, Carlos desfez as dúvidas: «Se virmos as fotos, percebe-se logo que é ela», anui a vizinha Inês Moreira.

O marido não teve coragem de ir a polícia denunciar a mulher. «A cunhada dela é que foi à PSP», conta a vizinha.

Margarida ainda está atordoada com a história e repete vezes sem conta «Ela errou. Ela errou. Como foi possível não ligar ao sofrimento dos pais da menina?».

Ao início da tarde, o cenário à porta da casa na Rua Álvares Cabral eram bem mais calmo do que ontem. As persianas da casa estavam corridas. O silêncio imperava. Carlos passou ali a noite com o filho. De manhã saiu de ar abatido. A criança foi para a escola.

Alice está em prisão preventiva indiciada pelo crime de sequestro. Arrisca uma pena de prisão entre dois e dez anos.

PUB

Últimas