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Peixes do Tejo podem ser ameaça para saúde pública

Estuário é depósito de 21 toneladas de mercúrio. Fundo do rio não pode ser limpo

O estuário do Tejo, que está classificado como um dos mais poluídos da Europa, é depósito de 21 toneladas de mercúrio. Considerando que este mercúrio é absorvido por microorganismos que servem de alimentos aos peixes, estes podem tornar-se num perigo para a saúde pública.

O linguado, o robalo, a anchova e a enguia são as espécies mais susceptíveis, uma vez que se alimentam no fundo ribeirinho, onde se deposita aquele metal.

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Segundo um estudo realizado pelo investigador João Canário para o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, a zona do estuário do Tejo, envolvente ao chamado canal do Montijo, que abrange os concelhos do Barreiro e Moita, é a que apresenta a mais elevada concentração de mercúrio.

Uma mudança relativamente a um estudo semelhante realizado há 20 anos atrás, que apresentava uma maior acumulação do metal no canal da CUF (zona do Barreiro).

A presente situação «resulta de décadas de falta de cuidados ambientais», designadamente «das descargas que foram feitas nos rios pelas indústrias no passado», explica ao PortugalDiário Hélder Spínola, presidente da Quercus.

Segundo o responsável da associação de defesa do ambiente, «a resolução do problema é muito difícil», uma vez que não é possível retirar o mercúrio do fundo do rio.

«Temos de apostar na prevenção de novas poluições e na monitorização do consumo de peixes possivelmente contaminados», diz Hélder Spínola ao PortugalDiário.

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O responsável explica que a «ingestão de peixes contaminados é perigosa para a saúde, porque o organismo humano vai acumulando os resíduos do mercúrio ao longo da vida, o que pode atingir níveis preocupantes que podem resultar em doenças e mesmo na morte».

A solução é «alertar as pessoas» para que o consumo deste tipo de peixes seja moderado.

Quanto à poluição, «é evitar que novas descargas sejam feitas», «combater qualquer foco de poluição que ainda exista» e esperar «que com o tempo os resíduos se vão espalhando ou sejam mesmo arrastados até ao mar».

Hélder Spínola garante que «a Quercus tem chamado a atenção para estes problemas», mas que não tem conhecimento «que esteja a ser feita alguma coisa, a nível das autoridades, para solucionar a situação».

Entretanto, em comunicado, o Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas veio esclarecer que a situação «é do conhecimento da comunidade científica há pelo menos 20 anos» e que «não existem evidências de que os resíduos de mercúrio nos recursos da pesca capturados neste estuário ultrapassem o limite máximo permitido».

A tutela anuncia ainda que «foi solicitado à Fundação para a Ciência e Tecnologia apoio para aprofundar estudos com vista ao melhor conhecimento do ciclo de mercúrio no estuário do Tejo e identificar eventuais situações de risco».

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