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«Uma aldrabice para começar a minha vida»

Maria A. alterou dados para conseguir candidatar-se ao Porta 65

Maria A. (nome fictício), que referimos no início desta reportagem, tentou uma via diferente. «Pensei arrendar uma casa, sair de casa dos meus pais, e candidatar-me ao Porta 65. Já pensava nisso há muito tempo, mas agora sentia-me finalmente capaz de pagar os primeiros meses, mobilar ao mínimo a casa e sustentar-me sem angústia».

Enquanto procurava pelo apartamento, saíram os valores do incentivo. «Já tinha apalavrada aquela casa, e não sabia o que fazer porque o valor máximo para ser aceite ao Porta 65 era inferior ao valor da renda pedida pelo senhorio».

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«Contornar» as exigências

Decidiu então «contornar» a questão: «Falei com o senhorio, expliquei-lhe a questão, e ele acedeu em baixar no contrato e no recibo o valor da renda, tendo a minha palavra que lhe pagaria a totalidade, claro».

Assim fez, e assim se candidatou. Sem esta «aldrabice», Maria A., que já trabalha há vários anos, mas que aufere ainda um rendimento que não lhe permite a autonomia total, diz que não seria possível realizar o sonho de sair de casa e construir uma vida com futuro sem este apoio. «E o apoio do Estado serve para isso mesmo: ajudar os jovens em início de vida e ao mesmo tempo estimular o mercado de arrendamento, que está bloqueado».

Marco não teve a mesma sorte e ficou sem apoio ao arrendamento e com 200 euros para «sobreviver»

«Até podia ter pensado em comprar casa, mas acho que sou nova para um empréstimo que me vincula à vida e que não irá permitir a mobilidade que o futuro me pode reservar».

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No fundo, não é um «salto total», representado na compra de uma casa, mas um «salto seguro, que sei que não será mortal», ironiza Maria A. para explicar a opção pelo arrendamento.

«Tormentos burocráticos

Não é a única a tentar o «expediente», mas ainda não sabe se a sua candidatura foi aprovada, uma vez que o prazo foi estendido até dia 28. Sabe, contudo, que passou «tormentos» para preencher a candidatura, com pedidos burocráticos e informações erradas que a levaram a percorrer repartições, pedir declarações, fazer muitos telefonemas e, por fim, a preencher com sucesso o formulário online do Porta, que só permite candidaturas via Internet.

Maria A. tentou a sorte. Mas Renato desistiu. Em Coimbra, não encontra apartamentos pelo valor imposto pelo Porta e vai regressar a casa dos pais, com a namorada com quem já vivia.

Mais uma vez, a mesma expressão, para desabafar sobre este tema. «A nossa geração está condenada. Ou melhor, estão a condená-la».

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