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«Há idosos que não saem da sua casa porque não se sentem seguros»

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Degradação da habitação é dos aspetos mais negativos apontados pelos idosos do Porto

As categorias que evidenciaram mais aspetos negativos foram as relacionadas com Edifícios e Espaços Exteriores, Transportes e Habitação. Segundo Paula Portugal, «olhando a cru para os aspetos enumerados, os resultados podem não parecer muito significativos, mas temos perfeita noção de que no dia-a-dia e a longo prazo isto só aumenta o isolamento das pessoas idosas». A partir dos resultados obtidos, os investigadores do Politécnico do Porto irão elaborar, até final deste ano, «um manual de boas práticas e identificar problemas específicos da cidade do Porto para permitir que a Câmara e as entidades responsáveis deem melhor resposta a estas pessoas», acrescentou Paula Portugal.

Um estudo hoje apresentado concluiu que os idosos do Porto sentem-se «relativamente bem e satisfeitos» com a cidade, embora a maior parte dos aspetos elencados fossem «os menos positivos», nomeadamente em relação à habitação e segurança.

«A questão da habitação para eles é dramática. Estamos a falar da maior parte dos idosos da cidade do Porto que habitam em zonas já muito degradadas, não só as suas próprias casas, mas também à sua volta e isto, no dia-a-dia, limita em muito a participação social destas pessoas mais velhas», disse à Lusa Paula Portugal, a coordenadora do estudo.

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«São aspetos importantes no dia-a-dia para a pessoa idosa. O que mais foi apontado foram a segurança pessoal, a degradação da habitação, a dificuldade nos passeios e a dificuldade nalgumas paragens de autocarro. Há idosos que não saem da sua casa durante muito tempo porque não se sentem seguros na rua, porque, por exemplo, há carros estacionados em cima dos passeios, não lhes permitindo uma mobilidade tranquila», sustentou a coordenadora do trabalho. 

A investigação «Porto: Cidade Amiga das Pessoas Idosas», inserida numa investigação global de 35 países, envolveu no Porto 147 pessoas (78 idosos, 50 prestadores e 10 cuidadores), distribuídos por 15 grupos de discussão com idosos, oito grupos de discussão de prestadores e três grupos de discussão com cuidadores.

O trabalho foi desenvolvido por 12 investigadores da Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Instituto Politécnico do Porto e resultou em quatro teses de mestrado e oito teses de licenciatura.

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«Fizemos um mapeamento de toda a cidade do Porto, entrevistando idosos, cuidadores e prestadores de serviço», frisou Paula Portugal.

Foram avaliadas componentes como Apoio Comunitário e Serviços de Saúde, Espaços Exteriores e Edifícios, Transportes, Habitação, Respeito e Inclusão Social, Participação Social, Participação Cívica e Emprego e Comunicação e Informação.

O trabalho, desenvolvido em parceria com a Câmara do Porto, irá prosseguir com a realização de ‘workshops’ com a participação de intervenientes nas questões mais criticadas, nomeadamente na área dos transportes públicos.

«Percebemos que muitos idosos não vão para onde gostariam de ir, não fazem um passeio ou não vão ao centro de saúde porque os transportes não estão adequados. Por exemplo, o tempo entre eles entrarem no autocarro e se poderem sentar é muito diminuto, e quando arranca cria-lhes dificuldades equilíbrio», salientou.

A investigação foi apresentada hoje na Conferência Envelhecimento Ativo e Alterações Demográficas na Região Norte, organizada pelo Laboratório de Inovação social e Desenvolvimento Regional.  

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