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Emigrantes com vergonha de voltar

Sequestro, escravatura e violência. Emigrantes são vítimas de tráfico. Nacionais já radicados no estrangeiro levam novatos ao engano. E o leitor? Conhece casos destes?

O tempo da Linda de Suza e da mala de cartão há muito que já passou, mas nem todos os emigrantes têm sorte lá fora. Aliás, muitos deles vivem com medo. Receiam o que possa acontecer à família que ficou em Portugal e chegam a habitar currais, em condições sub-humanas.

Enquanto os estrangeiros em Portugal são alvo de pressão de natureza psicológica, os emigrantes portugueses sofrem de facto ameaças físicas. Muitas vezes «exercida por outros portugueses radicados há vários anos no país de destino».

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O estudo «Combate ao tráfico de seres humanos e trabalho forçado na Europa - o caso de Portugal», da autoria da Direcção-Geral de Estudos e Estatísticas e Planeamento do Ministério do Trabalho, realizado com a colaboração da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que o PortugalDiário avançou em primeira mão, revela uma realidade onde a relação entre trabalho forçado, migrações e tráfico de seres humanos, de acordo com estimativas da OIT, afecta cerca de 2,5 milhões de homens, mulheres e crianças.

Rapto, escravatura, ameaças

Espanha e Holanda têm sido os países que mais maltratam os emigrantes portugueses. Há relatos de cidadãos lusos traficados para Espanha, onde foram vítimas dos crimes de rapto, sequestro, escravatura, ameaças e ofensas à integridade física. Contudo, o número de participações formais de exploração laboral e coacção sobre emigrantes portugueses junto da IGT, das autoridades consulares e da PJ permaneceu em níveis muito limitados. Segundo a Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas (DGACCP), os trabalhadores afectados receiam ser vítimas de represálias.

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No caso dos portugueses levados para a construção civil em Espanha, a maioria das vítimas parece ser recrutada por empresas de construção civil portuguesas, que os transportam posteriormente para as empreitadas no estrangeiro.

De acordo com a DGACCP, a Espanha será o país onde ocorrem os casos mais violentos de coacção sobre emigrantes portugueses, nomeadamente na agricultura.

No caso da Holanda, os portugueses são geralmente supervisionados por cidadãos igualmente de nacionalidade portuguesa que se encontram ao serviço da empresa de trabalho temporário.

O ambiente de receio e de terror em que são mantidas as vítimas torna possíveis longas jornadas de trabalho que poderão alcançar, em alguns casos, as 17 horas. Segundo a DGACCP, «o desemprego, a vergonha que enfrentam ao voltar a Portugal sem qualquer recurso financeiro e o pudor de admitir o engano de que foram vítimas levam muitos emigrantes a sucumbir» às condições laborais abusivas que lhes são impostas.

E o leitor? Já ouviu relatos sobre casos como este? Conhece pessoas que passaram por situações de exploração laboral? Conte-nos o que sabe e denuncie injustiças.

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