A Ordem dos Enfermeiros (OE) vai propor ao poder político que os profissionais de enfermagem possam receitar medicamentos, exames complementares de diagnóstico e ajudas técnicas em determinadas circunstâncias. A notícia é avançada esta quinta-feira pelo jornal «Público».
A proposta da OE vai de encontro ao que já acontece noutros países, como Espanha, Estados Unidos e Inglaterra.
PUB
«Se o enfermeiro verifica que a terapêutica de um doente crónico está de acordo com a prescrição médica e não há necessidade de reavaliação do diagnóstico, faz sentido que [o paciente] tenha que ir de novo a uma consulta?», questiona, em declarações ao jornal, a bastonária da OE, Maria Augusta Sousa.
Os enfermeiros sublinham que o objectivo é que possam prescrever medicamentos apenas com base em protocolos e regras bem definidas para situações específicas. Outra das metas é que possam prescrever ajudas técnicas, dispositivos médicos e exames complementares de diagnóstico, como já acontece actualmente durante a vigilância da gravidez.
Esta proposta dos enfermeiros não está a ser bem aceite pelos médicos. O Bastonário da Ordem dos Médicos já disse que tal é «inaceitável» e contrário «aos interesses dos doentes». José Manuel Silva afirma não entender a razão que leva os enfermeiros a querer «extravasar as suas competências», sem que tenha havido sequer «um diálogo institucional prévio».
Em relação ao facto de este sistema já se aplicar noutros países, o Bastonário defende que nem tudo o que acontece no estrangeiro é bom. «Os Estados Unidos gastam 17 por cento do PIB em saúde e têm o dobro da nossa mortalidade infantil», afirma.
Apesar de polémico, este tema vai estar em debate esta quinta-feira no III Congresso da OE, em Lisboa.
PUB