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Poste de alta tensão é paisagem?

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A REN continua a instalar redes de muito alta tensão junto a casas. Os moradores da Quinta de S. Macário, em Almada, receberam essa «prenda» e protestaram. Tiveram o apoio da Câmara e esbarraram na intransigência da Rede Eléctrica Nacional

Os moradores da Quinta S. Macário, no concelho de Almada, denunciaram a instalação de um poste de muito alta tensão (150 KV) junto aos prédios onde habitam. Os residentes dizem que «não tiveram qualquer tipo de conhecimento» sobre a construção da linha naquele local e temem pela sua saúde. A Rede Eléctrica Nacional (REN) alega que cumpriu «todos os requisitos determinados pela legislação».

A REN iniciou, em Março de 2005, os trabalhos de projecto e os estudos ambientais para a construção da Linha Fernão Ferro que, segundo um comunicado enviado pela rede eléctrica ao Portugal Diário, visava «reforçar a alimentação da rede de distribuição de energia da zona do Monte da Caparica, para fazer face aos aumentos de consumo verificados nas áreas de influência das subestações de Almada e Sobreda».

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Para além deste projecto, a REN levou a cabo «a exploração, a 150 KV, de uma outra linha que liga a subestação de Fernão Ferro à subestação da Trafaria», lê-se no comunicado.

O problema é que um poste de muito alta tensão, que pertence a essa linha, está a ser instalado «à frente dos prédios», disse Mafalda Ferraz, uma moradora da Quinta S. Macário. «A antena está mesmo em frente à varanda de uns vizinhos meus», revelou.

«Estes prédios são novos e foram caros. Para além dos problemas de saúde que esta linha pode causar, ninguém vai querer comprar casa aqui», afirmou. «Se as pessoas soubessem da instalação do poste, não teriam comprado os imóveis».

Para Mafalda Costa, outra moradora, «os prédios ainda não estavam construídos quando a REN iniciou os trabalhos, mas já havia um plano, já havia todas as licenças de construção dos prédios, uma vez que estes começaram a ser construídos no final de 2005». «Eles já sabiam que o terreno ia ser habitado», disse.

«Se tivessem um poste de alta tensão em frente à janela, o que fariam?»

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«A REN ia instalar o poste ao pé de uma escola, mas esta pôs uma acção à companhia eléctrica e eles mudaram o trajecto da linha», disse Mafalda Ferraz. «Então decidiram construir no terreno onde estão os prédios», afirmou indignada.

«E se fossem eles a ter um poste de muito alta tensão em frente à janela?», interrogou-se.

Os moradores já se dirigiram à Câmara Municipal de Almada e denunciaram a situação. De acordo com o que a moradora Mafalda Ferraz contou ao Portugal Diário, a câmara de Almada «está do lado dos moradores e concorda que esta situação não faz sentido. Mas não pode fazer nada, porque este é um assunto que está muito para além da câmara».

Já a REN escreve, numa nota, que a Câmara Municipal de Almada «tem, dentro do corredor aprovado, abertura para ajustes de traçado». Sobre esta questão a câmara não teceu quaisquer comentários.

Segundo a moradora, o director de equipamento da REN, Jorge Liça, depois de contactado pelos residentes, disse que «não estava provado que a linha fazia mal à saúde e que não ia parar a obra de maneira nenhuma».

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A reacção da REN

Contactada pelo Portugal Diário, a rede eléctrica afirmou, em comunicado, que cumpriu «todos os requisitos determinados pela legislação» e que «manteve uma genuína preocupação de compatibilização e minimização dos impactes».

A empresa sublinhou ainda que «os efeitos a longo prazo estão por precaução antecipados» de acordo com coeficientes de segurança definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Riscos para a saúde

De acordo com um estudo da Universidade de Oxford, as pessoas que vivem num raio de 100 metros das linhas eléctricas têm mais probabilidade de contrair doenças do foro oncológico, como é o caso da leucemia. As crianças que vivem num raio de 200 metros dos cabos de alta tensão têm 70 por cento de probabilidade de sofrerem de leucemia, em comparação com aquelas que habitam a 600 metros ou mais das linhas eléctricas.

Recentemente, o próprio Governo avançou com um estudo que serve de alerta à população em relação à excessiva exposição a radiações.

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