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Mau tempo: «Foi um pandemónio»

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Rio Tinto transbordou e deixou 15 famílias desalojadas. Outras passaram a noite presas em casa

Foi uma noite sem dormir em Rio Tinto por causa do rio que dá nome à freguesia. O caudal transbordou devido ao mau tempo e deixou um rasto de destruição. 15 famílias ficaram desalojadas e outras passaram a noite presas em casa.

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«Moro aqui há 45 anos e nunca aconteceu uma coisa destas», disse ao tvi24.pt Júlia Rodrigues, de 65 anos, sem conseguir conter as lágrimas, enquanto tentava retirar a lama que cobre o chão o chão de todo o piso térreo da casa. «Andámos uma vida inteira a trabalhar e depois vem a água e leva tudo», lamentou.

«Às 11 e meia da noite, como vimos a chover tanto, já nem fomos dormir», contou. O medo era que o rio, que passa ali tão perto, galgasse as margens. E foi exactamente o que aconteceu. «A água começou a entrar dentro de casa e chegou à altura dos joelhos», disse, mostrando as marcas nas paredes, nos móveis e electrodomésticos.

Júlia Rodrigues estava em casa com o marido que tem 71 anos e com o neto de nove. Depois de os bombeiros terem retirado a família de casa, passaram a noite com uma vizinha.

«Quem é que vai pagar isto agora?»

A porta da casa ao lado também estava aberta e o cenário era semelhante. Lá dentro, Fernanda Silva, de 45 anos, e o filho, Rúben Monteiro, limpavam o que restava do chão enlameado. «O piso é de tacos de madeira e a força da água foi tanta que muitos tacos saltaram. Os que ficaram estão todos molhados e têm lama por baixo», contam.

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«Os electrodomésticos estão todos estragados», conta Fernanda Silva enquanto mostra a lama que entrou no frigorífico, que foi derrubado com a força das águas.

«Passámos a noite toda na varanda a ver o rio a subir, com medo que ainda fosse pior», contam mãe e filho.

Ambos desempregados, explicam que não têm seguro que cubra danos por inundações. «Quem vai pagar isto agora?», pergunta revoltado Ruben Monteiro.

Presos dentro de casa

A cerca de 500 metros destas casas, ao longo do curso do rio, encontramos um cenário de destruição. «A água subiu ao nível da cintura dentro da minha garagem», conta Pedro Teles Lima. Os bombeiros estiveram cá, mas não podiam tirar as pessoas de casa por causa da corrente.

O portão impediu que a força das águas invadisse a habitação, mas a mesma sorte não tiveram os vizinhos. «Tentamos avisar a vizinha, mas como a luz falhou a campainha não funcionava. A água derrubou-lhe o frigorífico, mas ela toma calmantes para dormir e não ouviu nada. Só acordou às seis da manhã. Foi uma sorte não ter acontecido uma coisa pior», disse.

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A água derrubou ainda uma ponte, destruiu grande parte do pavimento e rebentou a parte de baixo de um carro que estava ali estacionado. «Os outros carros que aqui estavam, se não tivessem sido retirados, tinham sido levados pela água», conta Carlos Ribeiro.

Noutro prédio, a água invadiu a garagem, deixando os carros submersos. Tiveram depois de ser rebocados.

«Foi um pandemónio»

Eugénia Ferreira, que vive na margem do rio há 16 anos, viu o marido e o filho com água pela cintura a tentar fechar as portas de uma casa que a força da água abriu. «Foi um pandemónio», afirmou. «A corrente estava tão forte que arrastava os tubos do saneamento».

A dona da habitação inundada, uma idosa, está de férias em casa do filho na Suíça. «Foi uma sorte, senão ainda morria ali», conta Eugénia Ferreira.

Os vidros partidos das portas deixam antever a destruição no interior. O chão está completamente coberto por terra que o rio levou e os móveis foram derrubados.

15 famílias desalojadas

O presidente da Junta de Freguesia, Marco Martins, contou ao tvi24.pt que as «15 famílias que ficaram desalojadas, passaram a noite em casa de familiares e amigos mas durante o dia deverão poder voltar. De madrugada um idoso esteve desaparecido, mas acabou depois por ser resgatado pelos bombeiros dentro de casa».

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